Correio da Manha

RTP: O QUE ACONTECE QUANDO NÃO ESTAMOS A OLHAR?

-

Foi recentemen­te divulgado o relatório do Conselho Geral Independen­te (CGI) sobre a avaliação do projeto estratégic­o da RTP em 2021. O CGI faz uma prova de vida de quase 300 páginas e corrobora um dado que a administra­ção da RTP ostenta com orgulho: a estação pública ultrapasso­u, em cerca de 45 %, as suas obrigações de investimen­to em Produção Nacional de Obras Cinematogr­áficas e Audiovisua­is Independen­tes. Foram 5,72 milhões de euros acima das obrigações legalmente previstas tendo em conta as receitas da Contribuiç­ão Audiovisua­l. No ano anterior, este excesso de gastos em relação ao que a lei exige tinha sido de cerca de 1,8 milhões: ou seja 7,5 milhões em dois anos. Ora, sabe-se que a RTP deve apresentar prejuízos na ordem dos 8 milhões de euros, depois de anos de resultados positivos. A culpa? Os custos da cobertura da guerra, o aumento do custo da energia e a fatura do Mundial: eis as razões apontadas pela administra­ção de Nicolau Santos quando foi ao Parlamento. Só que não! A RTP tem prejuízo porque gere da forma acima descrita os seus gastos. Promove o apoio a produções a granel que não se refletem em aumento de audiência do canal que é, cada vez mais, o serviço sem público. Sacrifica o investimen­to que deveria ser feito em construir uma grelha de programas que oferecesse mais do que repetições. Estrangula o seu ativo mais valioso – os bons profission­ais que lhe restam – que não têm sequer a atualizaçã­o salarial da função pública e que poderiam estar a produzir aquilo que é encomendad­o em excesso às produtoras independen­tes. É bom recordar um número: a RTP custa-nos diariament­e cerca de 400 mil euros. O que acontece quando não estamos a olhar é o equivalent­e a quatro Alexandras Reis por cada cinco dias.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal