Correio da Manha

O governo que voa baixinho

- Luís Campos Ferreira Gestor

Asaga da TAP parece tão infindável quanto a lata do governo socialista para se desrespons­abilizar e encontrar bodes expiatório­s para as imensas asneiras e trapalhada­s que tem cometido desde que decidiu tocar na companhia aérea. Após os últimos desenvolvi­mentos, António Costa e Fernando Medina já estão a decretar o caso como encerrado, ou, como eles gostam de dizer, o “virar de página” na TAP. Foram estas mesmas palavras que Medina utilizou, e sem se rir, o que é absolutame­nte notável. Ainda acrescento­u, para quem tivesse dúvidas sobre quem são os maus e os bons desta fita, que “era essencial recuperar esse laço de confiança entre o país e a empresa”. O governo autoexclui-se desta embaraçosa equação com um à-vontade assombroso, e só aparece porque é preciso que alguém venha pôr ordem na casa. A falta de pudor de quem nos governa é de bradar aos céus.

Agora que a Inspeção-Geral das Finanças apontou todos os erros e todos os culpados, agora que o ministro das Finanças despachou os ineptos (leia-se, o presidente do Conselho de Administra­ção e a presidente executiva), agora que o governo arranjou – e em tempo recorde – um novo presidente para a empresa, agora é que vai ser – é o que o governo quer que se leia nas entrelinha­s deste folhetim mal amanhado.

Mas todos nos lembramos – até porque foi há menos de dois anos – que Christine Ourmières-Widener e Manuel Beja foram apresentad­os pelo governo como aqueles que iam conduzir a companhia aérea portuguesa a uma nova fase da sua atribulada existência. Dois rostos escolhidos pelo governo de António Costa, ainda que um dos principais protagonis­tas, Pedro Nuno Santos, já tenha saltado fora. Aliás, foi o anterior ministro das Infraestru­turas que anunciou com grande alarido uma verdadeira “caça ao talento” internacio­nal para recrutar a nova equipa de gestão da TAP, e para isso contratou uma empresa

A saga da TAP parece tão infindável quanto a lata do governo socialista para se desrespons­abilizar

especializ­ada para “procurar no mercado internacio­nal gestores qualificad­os, experiente­s e com competênci­a na aviação”. Escusado será dizer que nenhuma qualificaç­ão, nenhuma experiênci­a nem nenhuma competênci­a habilita o maior gestor do mundo para lidar com os nossos habilidoso­s governante­s, peritos na arte maior de fugir com o rabo à seringa. Resta fazer figas para que Luís Rodrigues, o novo presidente da TAP que vem da açoriana SATA, tenha melhor sorte.

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