A boa economia e a má política
Aprestação da economia portuguesa não tem passado despercebida. Na sexta-feira passada, Daniel Kral, economista sénior da Oxford Economics, fez um tweet que se tornou viral a gabar o crescimento económico português, o aumento do emprego no nosso país, o controlo das contas públicas e a redução da dívida. Um conjunto de indicadores positivos que quando ocorrem em simultâneo quase parecem resultar de um milagre. De tal maneira, que o tal economista sugere aos alemães que estudem o Programa de Ajustamento Português para resolver o impasse económico que vivem desde
2018. A semana política tinha tudo para acabar bem.
Com a entrada em vigor na segunda-feira passada, dia 1 de maio, das novas regras laborais a que o Governo chamou Agenda do Trabalho Digno a semana política tinha também tudo para começar bem. Afinal, depois do acordo de concertação social assinado entre o Governo e os parceiros sociais e dos aumentos muito significativos do salário mínimo e das pensões, a entrada em vigor no Dia do Trabalhador de um conjunto de normas que reforçam significativamente os direitos de quem trabalha seria motivo de satisfação para quem acredita numa política de esquerda capaz de transformar a vida dos que mais precisam.
Contudo, todos os que por estes dias tentaram falar na economia, nas conquistas sociais ou nos direitos dos trabalhadores, acabaram ignorados ou ridicularizados nas redes sociais e nos canais de televisão. E foi assim porque, na verdade, foram dias horribilis para o Governo.
O impensável aconteceu e na economia, onde as boas notícias superaram as melhores e mais otimistas estimativas, na política, a ficção ultrapassou a realidade e o país foi confrontado com uma novela mexicana protagonizada por titulares de altas funções no
O país foi confrontado com uma novela mexicana protagonizada por titulares de altas funções no Estado
Estado de quem se exige outro grau de responsabilidade e serenidade no tratamento dos assuntos de Estado.
A Lei de Gresham diz que a má moeda tende a expulsar do mercado a boa. Neste caso não se tratou de moeda, mas como observou com a perspicácia habitual o Presidente da República, a má política sobrepôs-se à boa economia e já ninguém quis saber do défice, da dívida, do emprego ou do crescimento da economia.