Correio da Manha

Costa segura Galamba e força o confronto com Marcelo

REUNIÃO Depois de hora e meia de reunião em Belém, chefe do Governo invoca razões de “consciênci­a” para não demitir ministro PRESIDENTE Comunicado realça o desacordo quanto à leitura política dos factos e à perceção tida pelos portuguese­s

- João Maltez /Miguel Alexandre Ganhão

Está aberta a crise política. A mais grave dos sete anos de governação de António Costa. Ao não aceitar a demissão de João Galamba, que invocou o barulho do “ruído que se sobrepõe aos factos, à verdade”, o primeiro-ministro elevou para um novo patamar o confronto com o Presidente da República, que há dias andava a pedir a cabeça do ministro das Infraestru­turas.

Depois de hora e meia de reunião em Belém, Costa foi às escadarias de São Bento assumir, de forma pouco discreta, que o seu ministro continua no Governo.

“Era mais fácil ter aceitado o pedido de demissão, mas prefiro ficar bem com a minha consciênci­a”, disse o primeiro-ministro no início do seu discurso, acrescenta­ndo: “É uma decisão minha e só minha.”

Costa frisou que “o exercício do poder exige disponibil­idade para a solidão” e adiantou: “Admito que muita gente não compreenda a minha decisão, mas espero que o futuro me dê razão.”

O chefe do Governo disse ainda que nem ele nem nenhum ministro deu qualquer instrução aos serviços de segurança (SIS), e que este organismo “não agiu à margem

da lei”. Quando questionad­o sobre como fica a sua relação com Marcelo, e sobre uma possível dissolução do Parlamento, Costa referiu: “Não faço especulaçõ­es. A estabilida­de é um bem maior. O Governo cá estará para acatar as decisões do senhor Presidente da República.”

Marcelo esperou que Costa terminasse para, logo a seguir, libertar um comunicado: “O ministro das Infraestru­turas apresentou o seu pedido de demissão (...) O primeiro-ministro

(PM), a quem compete submeter esse pedido, entendeu não o fazer, por uma questão de consciênci­a, apesar da situação que considerou deplorável. O Presidente da República, que não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do PM, discorda da posição deste quanto à leitura política dos factos e quanto à perceção deles resultante por parte dos portuguese­s, no que respeita ao prestígio das instituiçõ­es que os regem.”

PRESIDENTE REAGIU IMEDIATAME­NTE APÓS A INTERVENÇíO DO PRIMEIRO-MINISTRO

 ?? ?? 1Costa recusou a demissão apresentad­a pelo ministro das Infraestru­turas 2Galamba à saída do ministério, na companhia da chefe de gabinete, Maria Eugénia
1Costa recusou a demissão apresentad­a pelo ministro das Infraestru­turas 2Galamba à saída do ministério, na companhia da chefe de gabinete, Maria Eugénia

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