Correio da Manha

Falha da Justiça deixa à solta traficante­s do major

TRIBUNAIS Sete homens condenados agora em Almada por tráfico de cocaína avaliada em 44 milhões € ª CASO Custou pelo menos 250 mil € apanhar grupo libertado em 2020 por excesso de prisão preventiva

- Sérgio A. Vitorino

u Sete pescadores brasileiro­s, apanhados em alto-mar, em maio de 2019, a traficar uma tonelada de cocaína avaliada em 44 milhões de euros, do major Sérgio Carvalho, conhecido como o `Escobar brasileiro', foram agora condenados no Tribunal de Almada a 9 anos de prisão (o mestre da embarcação) e oito anos e meio (os restantes seis). Mas, devido a uma falha da Justiça portuguesa, os sete homens estão em liberdade desde 4 de abril de 2020, quando se excedeu os 10 meses em prisão preventiva sem decisão instrutóri­a, prazo para casos complexos.

A operação que levou à detenção dos sete envolveu PJ, 20 dias de navegação de um patrulha oceânico da Marinha, os suplemento­s da sua guarnição de 45 e uma equipa de operações especiais, e dezenas de horas de voo de um avião P3 da Força Aérea Portuguesa, tendo custado, estimam ao CM fontes militares, mais de 250 mil €.

Os sete condenados estão atualmente no Brasil. O Tribunal de Almada emitiu agora mandados de detenção. Terão de ser internacio­nais pedindo a extradição.

O CM teve acesso ao acórdão do Tribunal de Almada e a documentos oficiais brasileiro­s da `Operação Enterprise', que visou a rede do major. Descrevem como, após alerta chegado do Brasil, dois inspetores da PJ embarcaram a 14 de maio de 2019 no navio da Marinha e o velho pesqueiro `Wood' dos traficante­s, vigiado pela Força Aérea, foi abordado pelo Destacamen­to de Ações Especiais às 03h21 de 22 de maio, no meio do oceano Atlântico, junto a Cabo Verde, quando aguardava outro barco para o transbordo da droga. Atracaram no Alfeite (Almada) a 3 de junho e os sete pescadores foram formalment­e detidos nesse dia e colocados, por um juiz, em preventiva no dia 4. O processo julgado em Almada teve como intervenie­ntes acidentais o major Sérgio Carvalho e Yslanda Barro, que esteve presa na `Enterprise' por suspeita de ser ajudante do `Escobar brasileiro'.

ATINGIU-SE PRAZO MÁXIMO DE 10 MESES EM PREVENTIVA SEM DECISÃO INSTRUTÓRI­A

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2 1Fardos com cocaína e o pesqueiro `Wood', no Alfeite 2Major Sérgio Carvalho
1 2 1Fardos com cocaína e o pesqueiro `Wood', no Alfeite 2Major Sérgio Carvalho

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