Fraude no casamento de Figo descoberta 20 anos depois
CRIME Segurança condenado por roubar fotógrafo na festa de 2001, em Albufeira, deu identidade falsa com a qual foi condenado SURPRESA Verdadeiro Carlos A. só descobriu em 2021. Recorreu ao Supremo
Há casos na Justiça tão rocambolescos que apenas se acredita neles quando se leem as decisões dos tribunais. Ou não! Porque afinal há quem consiga enganar grosseiramente o sistema durante anos. E um desses casos foi desfeito há três semanas num recurso extraordinário ao Supremo Tribunal de Justiça. Um segurança do casamento do antigo futebolista Luís Figo, em 2001, foi condenado a um ano de prisão, suspensa, por ter roubado o rolo da máquina a um fotógrafo que tentava fotografar `à socapa' para o interior da Casa do Castelo, em Albufeira. Só que este segurança de 1,84 m de altura deu uma identidade falsa, que se manteve durante todo o processo até que o verdadeiro Carlos A., de 1,72 m, pintor da construção civil e não segurança, regressou em março de 2021 a Portugal e foi notificado da condenação de 2007 do caso onde nunca foi chamado, depôs ou soube.
O verdadeiro Carlos A. apresentou então queixa na Polícia Judiciária. Esta apurou que o tal segurança, que conseguiu identificar - era um antigo colega de casa de Carlos A. -, havia falsificado documentos: um bilhete de identidade português através da autorização de residência do SEF do verdadeiro Carlos A., angolano. A conclusão da PJ - “são pessoas totalmente diferentes” - foi transmitida ao processo em fevereiro de 2022 e nela consta que o segurança tem uma longa ficha policial, esteve vários anos preso e até deu a sua verdadeira morada no processo do casamento de Figo.
O Supremo refere que se está perante um erro de identificação do arguido e que não se pode concluir que tenha sido o falso Carlos A. a roubar porque ele não esteve em tribunal e, logo, não foi confrontado por vítima e testemunha. O processo foi remetido para o Tribunal de Faro, para que Carlos A. seja ilibado do roubo que não cometeu.