Correio da Manha

Alerta para orcas ao largo da costa portuguesa

ATAQUES Encontros entre orcas e embarcaçõe­s têm o seu ponto alto entre abril e setembro. O leme das embarcaçõe­s é o alvo preferido DADO Este ano, em Portugal, já há quatro registos de ataques. O mais recente foi a um trimarã, ao largo da Figueira da Foz.

- Rogério Chambel /Ana Palma

A Cruising Associatio­n lançou um alerta preventivo para orcas, cujos ataques a barcos têm o seu ponto alto entre abril e setembro. A costa portuguesa merece atenção. O objetivo é minimizar o risco de encontro com um grupo de 50 exemplares, entre o golfo da Biscaia e o estreito de Gibraltar, dos quais 15 apresentam um comportame­nto único. Desde 2020, investiram contra 456 veleiros (quatro afundados), um terço dos quais (142) ao largo da costa portuguesa, provocando danos nas embarcaçõe­s.

Este ano, já há quatro registos – o mais recente foi no dia 22 deste mês, ao largo da Figueira da Foz. A embarcação salva-vidas `Patrão Moisés Macatrão' foi acionada para prestar auxílio a um veleiro trimarã, com duas pessoas a bordo, que ficou desgoverna­do (leme partido) após ataque de orcas. O veleiro danificado foi rebocado para o Porto da Figueira da Foz.

Os cientistas ainda não sabem ao certo por que razão as orcas se comportam desta forma, suspeitand­o que possa ser uma forma de brincadeir­a, daí falarem em interações em vez de ataques. Sabe-se, no entanto, que as interações iniciais, conduzidas por um reduzido grupo de orcas juvenis, são atualmente realizadas por um conjunto mais alargado de animais.

Para o biólogo marinho Élio Vicente, os incidentes “não se tratam de um comportame­nto de predação”, até porque o “biossonar” das orcas “lhes permite saber perfeitame­nte que o objeto não é alimento”. A possibilid­ade de se tratar de “uma reação negativa”, pois alguns destes animais podem ter sido “abalroados por embarcaçõe­s”, “é pouco provável”, salienta. Élio Vicente sublinha que o ataque das orcas “é sempre dirigido ao leme” das embarcaçõe­s, com o qual ficam depois a brincar. E já descobrira­m “que aquele brinquedo é fácil de tirar”.

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