Velhas histórias continuam pertinentes Jesus, o pioneiro
Acreditemos ou não nelas, as histórias são reais. São sempre reais. A deste dia, com Jesus arrastando sua cruz sob os apupos da multidão enquanto é chicoteado pelos romanos, mesmo que não tivesse acontecido teria acontecido à mesma. As melhores histórias são as circulares, aquelas que uma pessoa pode transportar sem esforço, como uma criança a roda, no tempo em que as crianças brincavam na rua conduzindo uma roda com apenas um pedaço de pau ou mesmo um arame. A história de Jesus, sobretudo neste dia, é bonita porque encerra nela todas as fases da vida humana. Ele não só se sacrificou por nós, encena ainda os momentos de maior solidão. Que ele ressuscite três dias depois é bonito (e curiosamente coincide com a primavera) ao transformar o círculo fechado numa espiral que abre. E não só abre, ascende. Mais bonito só se houvesse palhaços.
Chegada ao terceiro milénio, a humanidade está numa encruzilhada. Em princípio, estamos tão civilizados & científicos que não precisaríamos mais de histórias. Ou sequer de religião, à qual Marx chamou `o ópio do povo', suspeito que num dia de ressaca. Afinal, e para citar o mote em voga a propósito dos jovens, “somos a mais preparada geração de sempre”.
A pandemia, as guerras, as tricas vieram provar que falámos cedo
Não era já altura de pormos em prática, sobretudo agora que temos Inteligência Artificial, o famoso “Não matarás”?
demais. Afinal, ainda repetimos os bons velhos erros. No entanto, foi já há uns tempitos que Moisés recebeu os Mandamentos. Não era já altura de pormos em prática, sobretudo agora que temos Inteligência Artificial, o famoso “Não matarás”? A verdade é que nada aprendemos. Não melhorámos enquanto espécie. O lado bom é que, se não mudámos assim tanto, as velhas histórias continuam pertinentes. Ora cá está uma boa notícia que aqui dou, fresquinha, aos nossos amigos no Vaticano.
Uma expressão americana muito engraçada é a do `walk of shame'.
Literalmente, significa “a passeata da vergonha”, geralmente aplicada a quem volta a casa depois duma arrependida noite de pecado em cama estranha. Andy Warhol disse: “Um dia todos vamos ter os nossos 15 minutos de fama.” Fosse mais sábio, este criador da Arte Pop teria acrescentado: “E os nossos 15 minutos de infâmia.”
Ora, o que é a Via Sacra de Jesus a caminho do Calvário senão o primeiro e mais comovente e presente nos nossos corações `walk of shame'? Ah, pois. Até nisso Jesus foi pioneiro. A todos uma Santa Páscoa.