Correio da Manha

Parlamento vs comentador­es

- Pedro Santana Lopes Presidente da CM da Figueira da Foz e comentador CMTV

Se repararem bem, todas as semanas, pelo menos, há um caso de polícia, ou de corrupção, ou de gestão danosa, ou de irregulari­dades graves. A nova tendência agora é a das Comissões de Inquérito ou a das chamadas ao Parlamento. Quase todos os dias há notícias de que o Partido A e o Partido B admitem chamar 1, 5 ou 10 pessoas ao Parlamento ou constituir ou propor uma comissão de inquérito ou à TAP, ou à ANA, ou à Santa Casa, ou ao Ministério das Infraestru­turas (eu já respondi e poderei responder outra vez, sem problema). Desde Ministros a ex-Ministros, Provedores a ex-Provedores, Procurador­a-Geral, gestores, banqueiros, militares, tudo é referido em intervençõ­es bombástica­s. Até o Presidente da República foi falado como possível responsáve­l por atos de traição à Pátria. Vejam: todos os dias, em todos os serviços informativ­os se ouvem notícias desse tipo. Já não falo da Igreja - ai, a separação entre Estado e Igreja que aqui não deu jeito nenhum -, do Ministério da Defesa, de clubes de futebol, das gémeas, do Influencer. Para não falar dos recursos de José Sócrates, ou da Madeira, ou de Manuel Pinho, entre outros. Mas que as forças de investigaç­ão o façam é natural e, no geral, compreensí­vel. Agora que o Parlamento e a vida política se transforme­m em entidades e ambientes que constantem­ente investigam, quando não chegam mesmo a julgar, é muito, muito complicado.

Ainda ontem foi anunciado um conjunto de grandes investimen­tos com uma importânci­a de topo para o futuro de Portugal. Seria natural que hoje e nos próximos dias, no Parlamento, essa fosse a matéria em análise: aprofundad­a, dissecada, recordar a evolução das posições de cada Partido e de cada líder ou outros responsáve­is políticos sobre os temas em apreço. Mas não! Lá foram eles “vestir as togas” e chamar, inquirir, julgar. Que chamem todos. Mas que os temas principais não sejam sempre desse género.

A nova tendência agora é a das Comissões de Inquérito ou a das chamadas ao Parlamento

Qualquer País precisa de sentir motivação, energia, força, para ultrapassa­r os desafios que tem pela frente, interna e externamen­te. Reparem nas notícias sobre a Rússia, as relações com Portugal e com algumas ex-colónias portuguesa­s. Debatem-se esses temas no Plenário e nas Comissões do Parlamento? Eleições na Madeira na próxima semana? Essas matérias ficam para os comentador­es. O Parlamento tem muito que investigar. Fazem muito bem.

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