Perdoado por Ramalho Eanes por homicídio volta a atacar
Em 1980, o então Presidente da República reduziu a pena de cadeia, de 17 para 15 anos de reclusão, de Manuel Garcês por assassinar um tio No ano passado tentou matar ex-mulher e a filha à navalhada. Foi condenado a 10 anos e meio
u Em 1980, o então Presidente da República, Ramalho Eanes, perdoou dois anos à pena de 17 anos a que tinha sido condenado, em 1978, Manuel Garcês, pelo homicídio de um tio. O decreto da substituição da pena foi publicado em janeiro de 1981 e o homem passou, assim, a ter de cumprir 15 anos de cadeia - mas só esteve preso 7 anos. Mais de 40 anos depois, o homem foi novamente punido a uma pena efetiva, desta vez por tentar matar a ex-mulher e a filha, em Paredes. Apanhou uma pena de 10 anos e 6 meses e tem de pagar mais de 50 mil euros às vítimas.
A decisão do coletivo de juízes do Tribunal de Penafiel puniu Manuel Garcês por violência doméstica, dois crimes de homicídio qualificado na forma tentada, ameaça agravada, dano e detenção de arma proibida. O crime ocorreu na manhã de 26 de junho do ano passado, em Bitarães. Após esfaquear a mulher e a filha na cabeça e no pescoço, o processo indica que disse aos militares da GNR, ao ser detido, que “as queria matar” e que “já deveriam estar mortas há muito tempo”.
Na origem do crime estiveram divergências antigas.
Apesar de estarem divorciados desde 2016, Manuel Garcês continuou a viver no 1.º andar da casa onde morou durante o casamento. Foi firmado um acordo judicial de saída da moradia em maio de 2023, mas ele não o fez. A filha acolheu a mãe em casa após a separação - a habitação fica ao lado da do arguido. Desde pelo menos 2020 que Manuel Garcês as ameaçava: “Vou chegar lume à casa”; “Vão juntas para o cemitério.”
Em tribunal assumiu que queria “dar no focinho” da filha, que é técnica de farmácia. Assumiu que deu golpes de navalha “no sítio onde ela não tinha roupa a cobrir [pescoço]”, mas negou a intenção de as matar. E disse aos juízes que “queria dar-lhes um ensino” e que “elas nem deviam ter nascido”.