OLP: “Representante legítima” dos palestinianos
Fundada pela Liga Árabe em 1964, em Jerusalém, quando o setor oriental da cidade estava sob administração jordana, a Organização de Libertação da Palestina, nacionalista e secular, descreve-se como “representante legítima do povo palestiniano” – um título que o movimento islamista Hamas não lhe reconhece. O objetivo da OLP é “libertar os territórios ocupados por Israel e criar um Estado soberano nas fronteiras de 1967”. Depois da Naksa, a “derrota” na chamada Guerra dos Seis Dias, em que Israel conquistou a Cisjordânia, Jerusalém Oriental, a Faixa de Gaza, a península do Sinai (devolvida ao Egito em 1991) e os montes Golã, na Síria, vários grupos de resistência armada juntaram-se à OLP. O maior continua a ser a Fatah (acrónimo invertido de Harakat al-Tahrir al-Watani I-Filastin, Movimento de Libertação Nacional da Palestina), formada em 1959, por Yasser Arafat (Abu Ammar), Salah Khalaf (Abu Iyad) e Khalil al-Wazir (Abu Jihad), quando eram emigrantes palestinianos no Kuwait. A segunda maior fação é a Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP, marxistaleninista), criada pelo médico cristão George Habash, que perdeu a sua casa em Lydda (atual Lod) durante a Nakba (o êxodo imposto por Israel), em 1948. Na década de 1960-1970, para “pôr a causa palestiniana no mapa”, Habash foi responsável por vários desvios de aviões internacionais, que, por sua vez, conduziram a uma guerra civil na Jordânia. Com o trono em perigo, o rei Hussein expulsou milhares de combatentes da OLP para o Líbano, numa ofensiva que ficou conhecida como Setembro Negro. Habash morreu em Amã, em 2008, aos 81 anos. Sucedeu-lhe Ahmad Sa’adat, condenado por Israel, em 2006, a 30 anos de prisão.
Dissidente da FPLP, a Frente Democrática de Libertação da Palestina (FDLP) é a terceira fação da OLP, dirigida pelo católico Nayef Hawatmeh, que nasceu em 1938, em Salt, na antiga Transjordânia, mas continua a viver na Síria, o seu patrono. A ala militar da FDLP, Brigadas da Resistência Nacional, aliou-se ao Hamas em Gaza.
Graças a Yasser Arafat, que a liderou desde 1969 (o primeiro presidente foi Ahmad Shukeiri) até à sua morte, em 2004, a OLP conseguiu um lugar na ONU em 1974, renunciou ao terrorismo em 1988 e reconheceu Israel no âmbito dos Acordos de Oslo, em 1993. Mahmoud Abbas (Abu Mazen) sucedeu a Arafat na liderança e foi eleito, em 2005, presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, mas é muito impopular na Cisjordânia, a sua base, e em Gaza, onde o Hamas governa sozinho desde 2006.