Os sistemas não são estanques
Na última semana falei aqui do Benfica e do falhado ataque ao mercado, que deixou os encarnados sem soluções em pelo menos duas posições nevrálgicas: a baliza e o eixo da defesa. A derrota frente ao Boavista só veio confirmar esses problemas (e no caso da baliza de uma forma bem dolorosa), mas a verdade é que os problemas do Benfica só começam na falta de soluções.
Tal como no jogo da Champions, no Bessa percebeu-se algo provavelmente bem mais grave: a vencer, o Benfica tem dificuldades em segurar e controlar o jogo. E a perder, não tem tática alternativa para procurar dar a volta. Colocar avançados uns atrás dos outros e rezar já não se usa há muito muito tempo e nem é preciso ser treinador de futebol para o perceber.
Os clubes ditos pequenos podem ter menos recursos mas uma nova vaga de treinadores jovens e sagazes facilmente detetam os pontos fracos dos grandes.
E já muitos perceberam que anular Pizzi e Jonas é meio caminho andado para anular o Benfica.
Talvez esteja na hora de, ao contrário, os grandes terem a humildade de perceberem as qualidades dos mais pequenos e trabalharem as suas equipas nesse pressuposto. Como fez Sérgio Conceição em Vila do Conde. Teve respeito pelo adversário, aprendeu com os erros feitos a meio da semana, mudou a equipa e saiu do Estádio dos Arcos com uma vitória.
Trabalhar um sistema é uma coisa, trabalhar só um sistema é outra. Já fora deste tempo, diga-se. E nesta altura o Benfica precisa mais do que reforços em janeiro: precisa de mais soluções com os jogadores que tem.