Voz da coesão reforçada
Aeleição de Mário Centeno para Presidente do Eurogrupo é uma excelente notícia para os países do sul da Europa e resulta da credibilidade conquistada pelo Governo português. Há dois anos, a direita vaticinava que o atual Governo não sobrevivia ao primeiro orçamento, que a alternativa às políticas anteriores eram irresponsáveis e não seriam aceites em Bruxelas e que nos conduziriam a um novo resgate. Efetivamente, as primeiras reações dos Ministros das Finanças europeus, com destaque para o ministro alemão, foram de enorme cepticismo; mas dois anos volvidos, o Governo português cumpriu com os compromissos assumidos a nível interno, no programa de governo e no acordo com o PCP, Bloco de Esquerda e PEV, respeitando sempre as regras europeias. Portugal saiu do procedimento de défice excessivo, conseguiu que o ‘rating’ da República abandonasse o nível de lixo e já vai no terceiro Orçamento de Estado aprovado, sem nunca recorrer a orçamentos retificativos. Tudo isto enquanto se devolveu rendimentos às famílias e se recuperou os níveis de investimento público. Mário Centeno não arranjará “borlas” para o nosso país, não permitirá que a União Europeia (UE) deixe de aplicar as suas regras, ou que Portugal deixe de cumprir com as suas responsabilidades, mas conseguirá, certamente, fazer o que tem feito tão bem nos últimos anos – procurar a interpretação mais favorável das regras europeias para que a UE relance a sua economia com mais emprego, mais rendimentos e menor desigualdade, em todos os países. Num momento em que se discute a reforma da União Europeia, da moeda única e o reforço do orçamento europeu, a eleição de Mário Centeno permitiu reforçar a voz de todos os que querem uma UE com mais coesão.