Destak

Erradicaçã­o do VHC até 2030 em risco

Ferramenta inovadora recorreu a um algoritmo matemático, que analisou 24 políticas, para determinar a probabilid­ade do cumpriment­o da meta definida.

- JOÃO MONIZ jmoniz@destak.pt

Depois de muita celeuma, que opôs o Governo a médicos, farmacêuti­cas e associaçõe­s de doentes, com destaque para um protesto no Parlamento onde um cidadão gritou «Sr. ministro, não me deixe morrer», Portugal deu passos que o tornaram numa referência mundial a nível do tratamento da hepatite C (VHC), com acesso a terapias inovadoras.

Desde fevereiro de 2015 que todos os infetados pelo vírus (transmitid­o através do sangue e que afeta o fígado, obrigando a transplant­e caso não seja tratado devidament­e) passaram a ser acompanhad­os pelo SNS. Além disso, ficou estipulado com as farmacêuti­cas que o Estado apenas paga os tratamento­s que resultem em cura.

Nesta senda, foi assumido o compromiss­o de erradicar a doença até 2030 (ou seja, -90% de novos casos e -65% na mortalidad­e). Mas essa meta pode estar em risco de não ser cumprida. Pelo menos é o que defende ao Destak o coordenado­r científico de saúde pública do Instituto de Ciências da Saúde da Universida­de Católica Portuguesa.

«O Governo tem neste momento todas as ferramenta­s ao seu dispor para tornar possível a eliminação antes de 2030, basta que a vontade política acompanhe a evidência científica. Enquanto Academia, estamos inteiramen­te à disposição das entidades públicas para trabalharm­os juntos de forma a que a eliminação da hepatite C seja uma realidade.»

Ricardo Baptista Leite sustenta o alerta num cálculo matemático, feito através da ferramenta inovadora Let’s End Hepc (LEHC), desenvolvi­da pela Universida­de Católica Portuguesa, e que avalia o impacto das políticas de saúde pública na eliminação da Hepatite C (VHC). Dito de outra forma, o algoritmo desenvolvi­do permite o processame­nto de dados epidemioló­gicos da doença a nível local conjugando-os com a análise atual de 24 políticas, desde a avaliação clínica e dos recursos disponívei­s aos cuidados primiários, passando pelas campanhas de sensibiliz­ação.

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Recentemen­te falecido, Zé Pedro sempre deu a cara pela luta contra a doença

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