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Calamidade mostra falência do Estado

Incêndios florestais mataram, pelo menos, 116 pessoas, fizeram centenas de feridos e deixaram milhões de euros em prejuízos. Desastre obrigou a mudar (quase) tudo.

- JOÃO MONIZ jmoniz@destak.pt

Àmedida que nessa segunda-feira, 16 de outubro, o dia foi avançando, o País assistiu incrédulo a nova contagem de cadáveres na região centro. Quatro meses depois da tragédia em Pedrógão Grande, dezenas de portuguese­s voltavam a sucumbir à violência das chamas, sem que as autoridade­s fossem capazes de cumprir aquele que é um dos pilares do Estado de Direito: a garantia da segurança das populações.

As condições climatéric­as únicas e extremas voltaram a ser apontadas como desculpa, mas nem a cúpula da Proteção Civil, nem a do Ministério da Administra­ção Interna resistiram, com a particular­idade da ministra Constança Urbano de Sousa ter sido demitida pelo Presidente da República através da televisão. Teoricamen­te, nada será comodantes­daquiparaa­frente.aproteção Civil vai ser reformulad­a, a floresta reorganiza­da.

Mas para a história ficam as 66 pessoas que morreram em Pedrógão, a 17 de junho, num incêndio que lavrou vários dias e atingiu múltiplos municípios, deixando mais de 250 feridos e cerca de 500 milhões de euros de prejuízos. Por sua vez, 15 de outubro foi o dia do ano com mais incêndios, provocando 45 mortos e cerca de 70 feridos em cinco distritos. Aproximada­mente 800 casas de primeira habitação ficaram inutilizáv­eis e quase 500 empresas foram afetadas. Um prejuízo superior ao de Pedrógão que ainda está por contabiliz­ar, mais de dois meses depois.

A incapacida­de para lidar com os grandes fogos ficou à vista noutras circunstân­cias (Mação, por exemplo), numa época crítica com 500 mil hectares de área ardida.

Outras polémicas

Outros acontecime­ntos chamuscara­m a imagem do Governo. Desde logo o furto de material de guerra em Tancos, que viria a aparecer mais tarde. O ministro da Defesa resistiu aos pedidos de demissão, ao contrário do secretário de Estado da Saúde, obrigado a sair após o escândalo da Raríssimas.

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Os bombeiros queixaram-se das falhas nas comunicaçõ­es e da falta de meios

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