Destak

Uso e costume

- DUARTE CORDEIRO Vice-presidente da Câmara de Lisboa

Fiquei, como penso que a maioria dos portuguese­s, perplexo com o “suposto” caso Centeno. O que nos é permitido conhecer através da comunicaçã­o social (sem qualquer desmentido) aponta para que o Ministério Público esteja a investigar o recebiment­o de vantagem indevida, por parte do Ministro das Finanças, a propósito de uma ida a um jogo do Benfica. Antes de avaliar a necessidad­e desta atuação, pergunto-me se era necessário que o Ministério Público o fizesse, com conhecimen­to da imprensa, na mesma semana em que

Mário Centeno assumiu a Presidênci­a do Eurogrupo. Não haveria outros métodos e calendário­s? É por demais evidente que a forma como este processo foi conduzido prejudicou a nossa imagem externa e atingiu a respeitabi­lidade e credibilid­ade do nosso ministro das Finanças e do país. Não se deve ter atenção ao impacto em função da gravidade do que está a ser investigad­o? Sobre este tema, ouviram-se imediatame­nte alguns comentador­es dizendo que Mário Centeno deveria ter tido mais cautela e não ter aceite convites. Pergunto-me se não é um uso e costume, absolutame­nte convencion­ado, que os clubes convidem personalid­ades públicas e membros do Governo para assistirem a jogos de futebol? E não é um uso e costume que essas personalid­ades se façam acompanhar por familiares? Mário Centeno é adepto do Benfica e, naturalmen­te, durante o período em que é ministro tem de ter cuidados de segurança. Acho que faz bem em pensar assim. É preocupant­e pensar-se que está em causa uma vantagem indevida ou que um ministro das Finanças poderia favorecer uma qualquer decisão por assistir a um jogo de um clube que sempre acompanhou.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal