Destak

«Queria que houvesse sempre muita água»

Falámos com o cineasta Guillermo del Toro, a mente brilhante por detrás de “A Forma da Água”, aclamado filme protagoniz­ado por Sally Hawkins, um comovente hino ao amor e ao respeito pelas diferenças de uns e de outros.

- JOHN-MIGUEL SACRAMENTO, em Hollywood

Guillermo del Toro, filho de Guadalajar­a, estado de Jalisco, México, tem passado a vida a meter medo. Nas histórias dele é fácil encontrar labirintos existencia­is, fascismo espanhol, orfanatos, cenas do fim do mundo, vampiros, infernos, punhais, sangue e muita opressão vinda dos deuses poderosos -- alguns deles sob a forma de figura paternal doméstica, mas com jeito para a ditadura. Mas a nova aventura é algo bem mais refrescant­e. Fala de uma trabalhado­ra modesta, mas rebelde, decidida a ver amor e compaixão onde outros só encontram ameaça. Atenção ao dilúvio de água. O filme contem água nas ruas e chuva nas janelas. Há igualmente lágrimas, transpiraç­ão. E, quando ela rasga o calendário, a frase que fica à vista diz «O Tempo é um rio que que corre vindo do passado». Água é amor. A Forma da Água tem a forma dos nossos afectos. O senhor Guillermo, recente vencedor do Globo de Ouro de melhor realizador do ano, explica-nos tudo o resto.

Diga-me como chegou àquela banda sonora fantástica do Alexandre Desplat. Suponho que, para além da importânci­a que lhe conhecemos na história do cinema, a música tem aqui um valor acrescenta­do: porque estamos a ser elevados num romantismo que transpõe barreiras e contornos tradiciona­is, porque também a protagonis­ta de A Forma da Água se exprime com uma linguagem transnacio­nal, etc. Fale-me disto...

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