Uma bolha prestes a estoirar?
Quem vive nas cidades portuguesas tem-se confrontado com as subidas de preços no mercado imobiliário. As casas valorizam todos os meses, fruto de uma crescente procura internacional bem como pela maior oferta de alojamento de curta duração. As famílias que optaram pelo mercado de arrendamento são confrontadas com subidas expressivas das suas rendas, no momento em que os contratos renovam e têm de decidir se suportam o novo custo ou se mudam. Mas para onde?
Este é o problema. Esta crescente procura e o facto de Portugal ser um país com níveis de preços abaixo dos restantes países na Europa estão a forçar a um ajustamento. O maior rendimento disponível das famílias é desviado para o pagamento de rendas. As famílias são levadas à compra de casa, num cenário de taxas de juro baixas e com a renovada competição dos bancos para a contratação de crédito habitação.
A valorização dos imóveis tem fatores positivos e negativos. Assistimos à criação de emprego e à transferência de riqueza, mesmo em famílias com parcos recursos que de um momento para o outro conseguiram um acréscimo de rendimento. Assistimos também à expulsão de famílias para as periferias, algo que poderá provocar um novo dinamismo nessas localidades. O certo é que teremos de nos ajustar a uma nova realidade. Talvez aproveitar esta oportunidade para fazer alguns investimentos. Mas em qualquer dos casos, pensar que as decisões de crédito têm de ser bem ponderadas. Que a “mania do crédito” tem os seus riscos e encargos e que deveremos aprender com os erros do passado. Para que se a bolha estoirar não fiquemos queimados.