A «Nação Valente» de Sérgio Godinho
Passados sete anos, aquele que é um dos maiores cantautores da música moderna portuguesa regressa aos discos de originais... e faz suas, canções criadas por outros.
Já passaram sete anos desde Mútuo Consentimento: porquê tanto tempo sem gravar?
Eu nunca tive o hábito de estar sempre a compor. Além disso, nesses anosaquetereferes,acontecerammais três discos: o Caríssimas Canções, o Liberdade (ao vivo) e o disco e DVD com o Jorge Palma e toda a série de espetáculos que fizemos e ainda temos por fazer. Depois houve ainda um livro de contos [Vidadupla] e um romance [Coração mais que perfeito]. Com todos estes projetos, o lançamento de um disco novo era também uma questão de foco. São processos diferentes. Apenas coincide o seu criador. A escrita de canções envolve sempre dois trabalhos muito específicos: a música e as palavras, que têm códigos próprios, rimas, métricas, equilíbrios… são coisas muito distintas do que a escrita de um romance envolve.
Fala-me um pouco deste novo Nação Valente? Tem algum fio condutor? O que o inspirou?não
tem um único fio condutor porque as canções são muito diferentes e gosto de tratar cada canção como um objeto em si. Não tenho discos concetuais. Com este disco o que levei mais longe do que noutros foram as parcerias. Ou seja, eu fiz as letras todas, mas pedi a vários compositores as músicas. Só há duas canções neste disco com letra e música minha. Foi esse o grande desafio: fazer minhas músicas feitas por outros.
Porquê o título Nação Valente?
É o título de uma das canções que compõe o disco, uma canção que fala do Portugal deste momento, do Portugal do pós-troika… é uma música que fala do facto de estarmos a respirar melhor depois de termos estado numa situação asfixiante. Nesse sentido, é uma música positiva que diz que há que ir em frente. Achei que o título desta canção impôs-se naturalmente como título deste disco.