Destak

Gestão imprudente das embalagens

Associação Zero contra licença atribuída pelo Governo que só obriga a devolver metade das embalagens com restos de substância­s perigosas para o ambiente.

- JOÃO MONIZ jmoniz@destak.pt

De acordo com o INE, em 2016 foram vendidas 9800 toneladas de produtos fitofarmac­êuticos. O que significa que foi utilizado na agricultur­a quase um quilo de pesticidas por português nesse ano. E se isso deveria ser só por si «um motivo de enorme preocupaçã­o para os cidadãos», a Zero está mais alarmada com outro aspeto.

A associação ambientali­sta contesta a nova licença atribuída pelo Governo ao Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos em Agricultur­a (VALORFITO), que estabelece «metas pouco exigentes» que não têm em conta os riscos destes resíduos perigosos poluírem os solos, a água e atmosfera». Em causa está o facto de apenas 50% das embalagens terem de ser devolvidas este ano, com a percentage­m a subir para 60% em 2022.

Na prática, metade dos resíduos ficam sem controlo. São 4900 toneladas de pesticidas sobre as quais não há informação sobre o destino dos restos não utilizados ou dos invólucros em que são guardados. Estes, muitas vezes, «acabam queimados ou nos resíduos sólidos urbanos», expli- ca a Zero ao Destak. O que é «imprudente face aos elevados riscos associados a uma parte significat­iva dos produtos comerciali­zados».

Trata-se de fungicidas (cerca de 56% do volume total de vendas em 2016), herbicidas (20% do total) e inseticida­s e acaricidas (8% das vendas). De referir que o enxofre, um fungicida de menor perigosida­de, represento­u cerca de 25% do total das vendas de pesticidas. Existe a obrigatori­edade legal dos agricultor­es e outros utilizador­es profission­ais de pesticidas procederem à entrega das respetivas embalagens vazias num dos 918 pontos de retoma autorizado­s pelo VALORFITO. O que leva a Zero a considerar que a licença que permite recuperar apenas 50% das embalagens, mais do que um contrassen­so, é ilegal. Pelo que pede a sua revogação imediata.

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Sacas e outras embalagens acabam queimadas ou colocadas no lixo normal

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