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«Nunca imaginei que iria ser eu»

A espera acabou e eis que chega às salas de cinema “Han Solo: Uma História de Star Wars”, filme que nos dá a conhecer o contraband­ista mais ‘cool’ e charmoso da galáxia na juventude. Falámos com Alden Ehrenreich.

- JOHN-MIGUEL SACRAMENTO, em Hollywood

Oretrato do artista quando jovem é por vezes feito de poucas palavras, todas elas carregadas de significad­o e presságio. Alden Ehrenreich nasceu em Los Angeles, tem 28 anos de idade, já trabalhou com os maiores da 7ª Arte (Francis Ford Coppola, os irmãos Coen, Woody Allen) depois de ter sido descoberto para a imagem em movimento por Steven Spielberg, quando fez um vídeo caseiro que iria ser mostrado numa festa juvenil da fação judia construtiv­ista. Vem da Califórnia, mas foi para Nova Iorque frequentar a prestigiad­íssima escola Tisch de artes dramáticas, a melhor do país logo a seguir a Yale. Não tem irmãos. O pai é contabilis­ta, o padrasto dentista, a mãe uma exímia decoradora de interiores. O sangue dele poderá incluir, provavelme­nte, pepitas húngaras e austríacas, polacas e russas, israelitas e intergalác­ticas. Mas o que importa é isto: o artista aparece agora para nos contar a génese desse romântico furibundo e divertido conhecido por Han Solo. Vamos ver como se comporta por entre os céus que são o cinema. Já passou tanto tempo desde o início da aventura e nunca ninguém nos disse como é que o Han Solo conheceu a sua companhia preferida, Chewbacca. Chegou a hora, com o novo Han Solo: Uma História de Star Wars. É meio-dia em pico e ele está no meio da rua poeirenta desse espaço infinito a que chamamos universo. O duelo contra as forças do Mal começa agora.

Sei que, no início da sua carreira, esteve na Argentina com o realizador Francis Ford Coppola a filmar um vídeo. Como estão os seus conhecimen­tos internacio­nais? Uma pessoa tem sempre a impressão de que o americano jovem não conhece grande coisa além-fronteiras…

É verdade que, ao tempo, não conhecia grande coisa. Mas uma das vantagens deste emprego é que nos permite levar uma vida de marinheiro de alto mar, por assim dizer. Há sempre aventuras no horizonte, viagens em preparação. Entretanto, já estive a fazer um filme em Marrocos. Aproveitei os tempos mortos para visitar partes do país. Para este Han Solo: Uma História de Star Wars, feito em grande parte em Inglaterra, aproveitei para ficar mais uns dias depois de terminadas as filmagens e explorar algumas regiões do país. Para o filme que fiz recentemte­nte com os irmãos Coen, Salve, César! - Hail Caesar!, dem 20016, estive em Berlim. Aproveitei para esticar a minha estadia em cinco dias e conhecer a cidade mais a fundo. Sou, essencialm­ente, um california­no nativo de Los Angeles, embora tenha passado muito tempo em Nova Iorque durante os anos em que frequentei o curso de atores. Diria que uma pessoa de Nova Iorque tem mais em comum com uma pessoa de Londres do que com alguém que tenha vivido sempre no Texas, no centro do país ou no sul profundo. Gosto também de viajar nessas áreas do meu país, até porque acho essencial perceber a natureza dos meus concidadão­s e a realidade em que vivem.

Imagino que, tendo em conta a mitologia da obra de George Lucas e o trabalho dramático do Harrison Ford, a personagem do jovem Han Solo fosse o papel mais invejável do novo século. Como decorreu, para si, toda a fase da seleção, os testes, a notícia de que tinha sido escolhido?

Sim, claro que, num primeiro momento, quando ouvi dizer que o filme iria ser feito e que o estúdio andaria à procura de uma versão mais nova do Harrison Ford, toda a gente quis ficar com o papel – a começar pelos primos, tios, vizinhos e amigos. Nunca imaginei que iria ser eu a ter essa sorte. Entrei no frenesim porque estou nesta profissão e tenho por hábito frequentar testes de ‘casting’. É essa a minha postura. Submeto-me sempre aos testes porque o pior que me pode acontecer é, durante apenas um dia, estar imerso num tipo diferente de personagem e arte dramática. Nunca faço a minha vida depender do facto de ser eu, ou não, escolhido. Não me deixo envolver a esse ponto no processo de ‘csating’ e tudo o que isso envolve. Neste caso, o que aconteceu foi que, quando fiz os testes, fiquei tão contente com a nova visão que eles tinham para este Han Solo mais novo que não me importei que os testes tivessem demorado seis meses…

«Uma das vantagens deste emprego é que nos permite levar uma vida de marinheiro de alto mar»

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