Aliança Benfica/ Sporting
Foram quatro anos de hegemonia vermelha, foram quatro anos de angústia das cores rivais. O FC Porto, crónica formação liderante nas últimas décadas, entrou em desespero, o império desmoronava-se. O Sporting, crónica formação derrotada nas últimas décadas, entrou em desespero, a promessa incumpria-se. A solução foi a união, a fiança foi a aliança. Surripiados, desviados ou conquistados os famigerados emails, FC Porto e Sporting uniram esforços, convergiram ataques. O Benfica foi diabolizado, foi amesquinhado, numa campanha assanhada, enraivecida, sem precedentes. Para gáudio dos instigadores, para angústia dos defensores, a luz apagou-se na Luz. E, quando se acendeu, através de vozes anedóticas como a de um tal Pedro Guerra e de alguns decalques bacocos e desarranjados, o cenário piorou. Foi um Benfica que, a uma época preparada com laxismo e deslumbramento, adicionou uma inacreditável política de contrafacção no domínio da palavra e dos atos. O FC Porto ganhou a parada, resultou em pleno o namoro ao Sporting, fez esquecer um quadriénio de insucesso, de múltiplos desconchavos, até da deprimente condição de clube intervencionado pela UEFA. O Sporting foi o elo mais fraco da relação com o rival (?) nortenho, numa prática de masoquismo absolutamente suicida, sobretudo na fase terminal da temporada. Em Alvalade, a incúria, a desídia, a incompetência foram mais longe. Cada míssil arremessado ao Benfica, tantas vezes no mesmo dia, logo o Sporting acionava a bomba atómica no seu próprio território. O Benfica respirava de algum alívio, reiterava ataques à comarca leonina, e o FC Porto, apetece jurar, sorria jocosamente. É aquilo a que se pode chamar uma involuntária aliança Benfica/sporting, com os novos campeões nacionais como exclusivos beneficiários.