Veterinários alertam para saúde pública
Profissionais dizem que nada foi feito em alternativa ao fim do abate de animais e dizem que a solução passa por evitar o abandono. Esterilização está por fazer.
Asaúde pública pode estar em causa com o fim do abate nos canis municipais. O alerta é do bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários. Segundo Jorge Cid, com a proibição do abate nos canis municipais a partir de dia 23 deste mês, é expectável que aumentem os animais nas ruas por falta de espaço nos centros de recolha. O que representa «um perigo para o bem-estar animal e a segurança dos cidadãos. Pode ser um problema de saúde pública».
O responsável acusa o Governo de «irresponsabilidade brutal» por ter sido aprovada uma lei em 2016 e não se ter estudado até ao momento o problema de abandono dos animais. «A sensação que eu tenho é que se aprova uma lei, que tem dois anos para ser implementada, mas até lá ninguém faz nada. Tudo assobia para o lado e espera que o problema se resolva por ele». «É evidente que poderá haver soluções que não passem pelo abate, mas essas soluções vão ser sempre de recurso e à última da hora, quando já deviam estar pensadas há dois anos».
Para o movimento de cidadãos Campanha de Esterilização de Ani- mais Abandonados (CEAA), «o adiamento dos abates não resolve problema nenhum» e já recolheu 3500 assinaturas a pedir o cumprimento da lei. Como esta esteve em período transitório nos últimos dois anos, «preferindo continuar a abater do que esterilizar».
Prova disso é que, nos primeiros seis meses desde que foi lançada, a campanha de apoio à esterilização de cães e gatos de companhia só atribuiu 8% da verba total disponibilizada a 108 candidaturas. A Direção-geral de Alimentação e Veterinária garante estar a sensibilizar as autarquias para os apoios até 15 000 euros (câmaras singulares) ou até 30 000 euros (entidades intermunicipais).
Oeiras, por exemplo, há anos que não promove abates, apostando em campanhas de adoção e apoio a famílias carenciadas para reduzir o abandono dos animais.