Unidades de Saúde Familiar com entraves
Associação diz que reforma dos cuidados de saúde primários está em causa – só abriram 16 novas USF
Este ano abriram portas 16 novas Unidades de Saúde Familiar (USF). É o número mais baixo desde que em 2005 este modelo foi instituído. O que leva a Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar a falar num “sinal muito forte de desinvestimento e a maior ameaça desde o início da reforma”.
Um inquérito da associação aos coordenadores das 501 USF do país, que são responsáveis por mais de 9 mil profissionais e 6 milhões de utentes, conclui que 91,4% das unidades de modelo A pretende passar para o modelo B, onde o grau de autonomia é maior – mas também os custos para o Estado. Aliás, a insatisfação dos profissionais de saúde com a atuação do Ministério da Saúde está a aumentar, mas também os Serviços Partilhados estão na berlinda.
Mais de 70% das USF ficaram mais de 10 vezes num ano sem acesso informático e nove em cada dez unidades tiveram pelo menos uma vez falta de material considerado básico – em 72% destes casos o problema demorou mais de 48 horas a ser resolvido.
Ameaças em 80% das unidades
No último ano foram registados casos de ameaça ou agressão verbal a profissionais em 80% das USF e em 14% houve mesmo situações de violência física. Mais de 40% dos coordenadores afirmaram que “algumas vezes” os profissionais mantiveram a sua atividade mesmo estando doentes e há 22% que dizem que isso ocorreu com frequência.