Avaliação ambiental não ameaça Montijo
Primeiro-ministro garante que a obra não avança se o estudo em desenvolvimento assim o ditar, mas engenheiros não acreditam que a obra possa travar nesta fase
Ainda à volta da polémica de ter assinado um acordo com a ANA - Aeroportos de Portugal para a construção de um aeroporto complementar no Montijo sem ter sido revelado o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o Governo veio dar ontem novos esclarecimentos. A duas vozes.
O primeiro-ministro garantiu que a obra no Montijo “não se fará se o EIA não o permitir fazer”. António Costa acrescentou que essa possibilidade é pouco crível, uma vez que no local já está instalada uma base aérea militar. E relembrou que a ANA assumiu o compromisso de executar a empreitada de acordo com as determinações do EIA.
E se o chefe do Governo falou ainda de manhã, à tarde o secretário de Estado do Ambiente reforçou que o EIA “está a ser melhorado”, por iniciativa do promotor, embora nunca tenha tido uma reprovação formal. Recorde-se que, segundo foi divulgado pelo Negócios em maio, a fauna (nomeadamente as aves) e a flora em menor escala eram apontadas como as questões sensíveis que precisavam de ser precavidas. Só que essas primeiras indicações foram criticadas por vários especialistas, que pediram uma análise mais exaustiva.
Quem está convencido que o Montijo vai mesmo receber um novo aeroporto (com estimativa de 7 milhões de passageiros logo no primeiro ano) são os engenheiros. À Renascença, o bastonário da Ordem dos Engenheiros reforçou que estamos perante um “facto consumado. Eu já ando cá há uns anos para afirmar que não volta atrás”, como disse António Costa.
Mineiro Aires espera, portanto, uma aprovação “com medidas mitigadoras”. No mesmo sentido vai o seu colega da Ordem dos Engenheiros Técnicos. Augusto Ferreira Guedes confia que estes profissionais “darão o seu contributo para minimizar os eventuais inconvenientes que os estudos ambientais e de mobilidade levantam em qualquer infraestrutura da grandeza da que agora se anuncia” e de que o país precisa.