Destak

A tanga da hospitalid­ade

- JOÃO MALHEIRO Jornalista

Opaís da bola vaticinava, quase sem reservas, o triunfo do FC Porto em Alvalade e a prolepse de um campeão anunciado. Eram quase duas dezenas de triunfos consecutiv­os, indicativo insofismáv­el de uma equipa pujante, talentosa e ganhadora. O Sporting contrariou as previsões, impondo uma igualdade, que até assentou bem, num despique sem notas ou apontament­os de excelência, inclusive modorrento a largos espaços.

Ainda assim, terminada esta primeira volta da competição, a turma da capital nortenha desfruta de um avanço e de um embalo pouco susceptíve­is de neutraliza­ção, por mais que Benfica, Braga e Sporting se recusem, legitimame­nte, a rubricar uma declaração de renúncia à conquista do título nacional.

“O Porto é o lugar onde para mim começam as maravilhas e todas as angústias”. A frase de Sofia de Mello Breyner, nesta altura, no que ao futebol diz respeito, parece desajustad­a. A maravilha de um provável bicampeona­to parece bem mais adquirida do que as improvávei­s angústias do insucesso. O FC Porto tem tudo a seu favor, desde a quietude da liderança à estabilida­de associativ­a, passando até pela benevolênc­ia excessiva (Alvalade foi uma isolada antítese) do edifício que superinten­de a arbitragem.

Falta a segunda volta da Liga. No seu reduto, vantagem acrescida, o FC Porto receciona Benfica e Sporting. Há anos, muitos anos, Ramalho Ortigão deixou escrita uma reflexão. “O portuense não gosta de Lisboa (…); de Lisboa vinga-se, recebendo os lisboetas com amável hospitalid­ade e com a mais obsequiada bizarria”. Na bola, farta certeza, mais ainda este ano, com intratável hospitalid­ade e com a mais obsequiada autocracia. Ainda que o Braga não mereça ser apagado do mapa dos notáveis, Benfica e Sporting só podem ter motivos para temer sentenças no púlpito do Dragão.

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