Ter filhos e viver só é fator de pobreza
Dados do INE revelam que há mais de dois milhões de pobres em Portugal. Mais de metade das 257 mil pessoas que recebem RSI são mulheres
Num momento em que está em discussão pública a versão preliminar da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza 2021 – 2030, a Fundação Francisco Manuel dos Santos, através da Pordata, lembra há dois milhões de pobres em Portugal e que 257 mil pessoas recebiam o Rendimento Social de Inserção em 2020. Destas, mais de metade são mulheres (52%) e mais de dois em cada cinco (41%) têm menos de 25 anos. Mas há melhorias: entre 2010 e 2020 o total de pessoas abrangidas decresceu 51%.
Pensões mínimas
Com base nos dados do INE, a Pordata conclui que ter filhos e viver só é um fator de pobreza. Quase 40% dos agregados compostos por dois adultos com três ou mais crianças estavam em risco de pobreza em 2019, enquanto cerca de um em cada quatro (26%) agregados domésticos de um adulto com uma ou mais crianças é pobre (25,5%). Viver sozinho representava, também nesse ano, uma vulnerabilidade à pobreza de 24%. Os dados revelam que 28% das pessoas com 65 ou mais anos vivem sozinhas.
CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA
Em 2020, mais de 1,5 milhões de pensionistas da Segurança Social recebiam uma pensão, de velhice ou invalidez, inferior ao salário mínimo nacional –quase 80% destes pensionistas vivia com menos de 635 euros. Os beneficiários das pensões mínimas de velhice e invalidez do regime geral da Segurança Social recebem praticamente o mesmo hoje do que em 1974, com um aumento de 7€ no valor das pensões, assinala a Pordata.
Em relação à pobreza no trabalho, as pessoas que recebem o salário mínimo auferem hoje mais 138,7€ do que em 1974, descontando o efeito da inflação. Em 2020, 9,5% da população empregada em Portugal era considerada pobre, ou seja, vivia com rendimentos inferiores ao limiar de risco de pobreza. Portugal estava assim entre os países da União Europeia com maior risco de pobreza entre trabalhadores.
MAIS TRÊS ANOS