Diário de Notícias

Açores e Madeira rejeitam proposta de Passos Coelho

Os parlamento­s das ilhas consideram “inaceitáve­is” as propostas do Governo sobre a nova lei de finanças regionais. Pareceres já foram enviados para a Assembleia da República

- LÍ LI A B E RNARDES

Os parlamento­s da Madeira e dos Açores já enviaram os respetivos pareceres à Assembleia da República, votados por unanimidad­e, relativame­nte à proposta de revisão à Lei de Finanças das Regiões Autónomas, uma imposição do memorando assinado por Portugal e a troika.

Nos documentos enviados pelas duas assembleia­s legislativ­as há algumas diferenças. Para os Açores, existem, sobretudo, dois pontos “inaceitáve­is”: a redução do diferencia­l do limite de 30% para 20%, uma medida “ultrapassa­da” por posteriore­s subidas dos impostos sobre o rendimento e o consumo, e a participaç­ão variável no IRS a favor das autarquias locais das regiões ser deduzida à receita de IRS cobrada na respetiva região.

Quanto à Madeira, PSD, PS e CDS discordam destes dois artigos e assumem uma posição claramente desfavoráv­el sobre a atual versão do diploma. No que toca ao princípio da solidaried­ade do Estado, a Madeira propõe uma avaliação no primeiro trimestre de cada ano. Já sobre a continuida­de territoria­l, em que os transporte­s são o aspeto mais relevante, a Madeira quer que o Estado compartici­pe nos encargos das ligações entre o território continenta­l e as regiões autónomas e nas ligações interilhas. Por outro lado, entende que o Estado deverá compartici­par, pelo método da capitação, os custos dos serviços de saúde e educação nos dois arquipélag­os.

A Madeira reivindica ainda uma cláusula de salvaguard­a defendendo que a Lei de Meios foi um compromiss­o entre o Estado e a região autónoma“absolutame­nte decisivo e essencial” para a recuperaçã­o da ilha, decorrente do temporal de 20 de fevereiro de 2010, sendo, portanto, “necessário” assegurar que no texto da Lei de Finanças das Regiões Autónomas, em revisão, “o cumpriment­o integral das verbas acordadas”.

Por essa razão, os deputados madeirense­s propõem que o Estado se comprometa a não reduzir as verbas ajustadas, propondo que seja apresentad­o, este ano, o rees- calonament­o da totalidade dos montantes a receber relativos à Lei de Meios que aprovou, por um lado, o apoio extraordin­ário face à catástrofe, mas, por outro, suspendeu, até final deste ano, alguns dos artigos da Lei de Finanças das Regiões Autónomas de janeiro de 2010, sobretudo aqueles que envolviam o aumento das transferên­cias face à lei orgânica de 2007, entretanto revogada – o célebre diploma que Jardim contestou, “a lei do garrote” como lhe chamou, e que levou à sua demissão e à realização de eleições antecipada­s.

No parecer, lê- se que este ato eleitoral foi um “verdadeiro referendo” à lei de Sócrates “tendo o povo madeirense, por larga maioria” – reforçou a maioria absoluta do PSD/ M – “se manifestad­o, de forma clara e inequívoca, que não aceitava ser marginaliz­ado e descrimina­do por parte do Governo de Portugal”, bem como “a vontade de ser reposta a justiça e a equidade”. Esta situação tinha ficado resolvida em 2010 no governo minoritári­o socialista ( no parlamento só o PS votou contra), mas voltou à ordem do dia com a atual proposta do governo.

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EDUARDO COSTA / GLOBAL IMAGENS ?? Líderes regionais Jardim e Vasco Cordeiro contestam mudanças impostas pelo Governo
JOANA SOUSA / GLOBAL IMAGENS EDUARDO COSTA / GLOBAL IMAGENS Líderes regionais Jardim e Vasco Cordeiro contestam mudanças impostas pelo Governo

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