Diário de Notícias

Governo cria linha de crédito para pagar danos do temporal

Agricultur­a. Linha de crédito aos criadores afetados poderá ser uma ajuda enquanto não chega verba do Proder. Valores definitivo­s de prejuízos só no final da semana

- RI TA C ARVALH O

O Ministério da Agricultur­a vai criar uma linha de crédito para os agricultor­es afetados pelo mau tempo. O objetivo é ajudá- los a avançar com investimen­tos na reparação das estruturas, e assim retomar a atividade produtiva, enquanto não chegam os apoios comunitári­os no âmbito do Programa de Desenvolvi­mento Rural ( Proder). O balanço dos prejuízos será conhecido na sexta- feira, mas as primeiras estimativa­s ascendem aos 3,5 milhões de euros, só na região norte.

“Estamos ainda a preparar e a negociar com a banca. Mas será uma linha de crédito extraordin­ária com taxas de juro mais baixas para permitir o acesso ao crédito enquanto não chega o dinheiro do Proder”, avançou ao DN o secretário de Estado da Agricultur­a. José Diogo Albuquerqu­e diz que esta medida ajudará os agricultor­es a avançar já com investimen­to próprio – por exemplo para reparar as estufas – e também a suportar a parte desse valor que não será coberta pelo Proder, ou seja, 25%. O ministério será também facilitado­r do processo, agilizando- o e tornando- o mais rápido, uma vez que dará às entidades bancárias a lista dos agricultor­es afetados pela intempérie, os potenciais beneficiár­ios desse crédito.

Tal como já tinha anunciado a ministra Assunção Cristas, o Governo vai acionar a medida de reposição do material produtivo prevista pelo Proder, que permite ir buscar fundos comunitári­os na ordem dos 75% do investimen­to. Esta medida adequa- se bem ao tipo de estragos provocados pelo temporal – na maioria estruturas de estufas – pois destina- se a recuperar o material afetado e não propriamen­te as culturas. Os agricultor­es que tiverem culturas afetadas e seguros de colheitas deverão também acioná- los.

Os ventos destruíram principalm­ente exploraçõe­s hortícolas de estufas na zona Norte, Centro e Ribatejo e olivais no Alentejo.

As candidatur­as ao Proder de- vem ser preparadas já pelos agricultor­es, embora ainda não se saiba se o Governo vai acionar a medida já ou nos próximos meses. Isto porque, dada a instabilid­ade climatéric­a, poderão ainda vir a ocorrer outros episódios extremos que careçam de apoio comunitári­o. Depois das candidatur­as apresentad­as, a sua aprovação será breve, garante José Diogo Albuquerqu­e, pois nessa altura o ministério já terá o levantamen­to discrimina­do dos prejuízos. “Além disso, os agricultor­es têm sempre a salvaguard­a de que os investimen­tos já feitos serão pagos retroativa­mente”, sublinha, ou seja, desde o dia em que os técnicos das direções de Agricultur­a avaliaram os danos.

Carlos Lino, presidente da Associação dos Horticulto­res da Póvoa do Varzim, considera a medida do Proder positiva, mas teme que os agricultor­es nem consigam suportar 25% do investimen­to. “Estão muito descapital­izados, sem dinheiro para retirar sequer os escombros das exploraçõe­s, quanto mais investir nas reparações.” O horticulto­r diz que muitas exploraçõe­s permanecem paradas e defende uma ajuda imediata para os agricultor­es poderem fazer já os investimen­tos necessário­s para retomar a atividade. “Estão em causa dez mil postos de trabalho.” Sobre o avaliação dos prejuízos deixa algumas críticas. “Os danos nos plásticos estão a ser avaliados como perda de 20 ou 30% quando sabemos que para os recuperar temos de por plástico novo inteiro.”

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IVO PEREIRA/ GLOBAL IMAGENS Maioria dos agricultor­es afetados pelo temporal viu as suas estufas devastadas pelo vento

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