Diário de Notícias

“Eu vou morrer aqui dentro de minha casa, aqui debaixo”

Moradores vivem angustiado­s desde que casa contígua ruiu, em Sacavém. Edifícios vão ser demolidos por motivos de segurança

- I NÊS B ANHA

Maria da Encarnação, 59 anos, não contém as lágrimas ao recordar a angústia que tem vivido nas últimas semanas, desde que a casa contígua à sua se desmoronou sobre a via da Rua Dr. António da Silva Patacho, em Sacavém ( Loures). “Eu vou morrer aqui dentro de minha casa, aqui debaixo”, desabafa a residente na Rua Auta da Palma Carlos, numa habitação em que os efeitos da destruição são visíveis. “O edificado do nove ao 19 vai ter de ser demolido”, confirma fonte oficial da câmara municipal.

“Tenho todas as minhas coisinhas estragadas”, lamenta- se Ma- ria da Encarnação, sem que a água pare de cair na casa onde garante morar há 40 anos. Os problemas terão começado há cerca de dois meses, aquando do desmoronam­ento da habitação situada por cima da sua. Desde então que, diz, tem procurado, sem sucesso, que a Proteção Civil ou a junta de freguesia – que não respondeu às questões do DN – lhe arranjem uma alternativ­a. Não será a única.

Nos números 9 a 19 daquele quarteirão, que tem um piso virado para a Rua Dr. António da Silva Patacho e dois para a Rua Auta da Palma Carlos, várias famílias estão a viver em condições precárias. “Há dúvidas se há pessoas que entretanto terão ocupado aquelas casas [ privadas]”, afirma ao DN fonte oficial da câmara de Loures.

Certo, frisa, é que, na sequência de uma inspeção realizada a nove deste mês, foi decidido que o con- junto vai ser demolido, por razões de segurança. A intervençã­o vai ter de ser realizada por um especialis­ta, de modo a não pôr em risco os restantes imóveis, nomeadamen­te a sede do Clube Recreativo de Sacavém. Uma condição que tem vindo a atrasar a ação, por ser necessário contratar no exterior.

Bem mais breve deverá ser a remoção das pedras que, desde o desmoronam­ento, impedem a até então habitual circulação de automóveis na Rua Dr. António da Silva Patacho. “Nos próximos dias, vão ser retiradas. É a prioridade”, assegura a fonte, que calcula que o sinistro teve lugar há cerca de um mês. Há quem fale em mais.

“Foi há três meses”, estimam os proprietár­ios do cabeleirei­ro Visu@ l Jovem, na vizinha Rua José Duarte Morais. Desde então, contam Paula e Fernando, nem a pé arriscam passar onde ocorreu o desabament­o, tal o medo de que as restantes casas tenham o mesmo fim. Há quem o faça. “Tenho sempre algum receio. Tomo a precaução de me encostar ao outro lado”, diz Ana Cardoso, à saída da Rua Dr. António da Silva Patacho.

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VÍTOR RIOS/ GLOBAL IMAGENS Maria da Encarnação lamenta que ninguém a tenha ajudado
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Destroços vão ser removidos

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