Diário de Notícias

Elogios, brincadeir­as e a porta aberta para 2016

EUA. Obama e Hillary deram uma rara entrevista conjunta à CBS e falaram sobre a saída da secretária de Estado da Administra­ção

- HELENA TE C E DEI RO

No verão de 2008, em plena corrida para as primárias democratas, a simples ideia de ver Hillary Clinton e Barack Obama, lado a lado, numa entrevista conjunta, podia parecer ficção. Mas ontem tornou- se realidade quando o Presidente recém- reeleito e a sua secretária de Estado e ex- adversária, prestes a deixar o cargo, se juntaram no programa 60 Minutes, da CBS.

“Apesar de umas primárias muito disputadas, tínhamos ideias semelhante­s sobre o que é melhor para o país”, explicou Obama. “Mas tivemos debates bem acesos, porque não conseguíam­os chegar à conclusão do que nos separava”, continuou o Presidente. “Sim, tivemos de trabalhar nisso”, terminou Hillary, entre risos.

Ao longo da entrevista, o bom humor foi uma constante, com o Presidente e a sua chefe da diplo- macia a terminarem frequentem­ente as frases um do outro. Um sinal de que a rivalidade entre os dois já lá vai e que depois de quatro anos de convívio na Casa Branca, Obama e Hillary passaram de adversário­s a colaborado­res com uma relação muito próxima.

“Vou ter saudades dela”, garantiu Obama, para quem a ex- primeira dama foi “um dos melhores secretário­s de Estado de sempre”. Depois de derrotar Hillary nas primárias democratas de 2008, Obama convidou a mulher do ex- presidente Bill Clinton para sua chefe da diplomacia. Um cargo que Hillary hesitou em aceitar. Agora, prestes a deixar a Administra­ção – o seu cargo será assumido pelo senador e ex- candidato presidenci­al John Kerry –, a advogada, de 65 anos, tem visto multiplica­rem- se os rumores de que será candidata à Casa Branca em 2016.

“O Presidente e eu preocupamo- nos com o futuro do nosso país”, disse Hillary. Mas a ex- primeira dama recusou falar abertament­e sobre uma eventual nova candidatur­a à Casa Branca. “Ainda sou secretária de Estado, por isso estou fora da política. E estou proibida de sequer ouvir esse tipo de pergunta”, brincou Hillary. Obama, por seu lado, também preferiu ironizar com a situação: “Vocês na imprensa são incorrigív­eis. Ainda há dias tomei posse e já estão a falar nas próximas eleições.” O Presidente encontra- se numa situação delicada, uma vez que o seu vide, Joe Biden, ainda não afastou a hipótese de tentar a presidênci­a dentro de quatro anos.

Mas para os analistas, a recusa de Hillary em se pronunciar sobre 2016 só tem um significad­o: que a secretária de Estado recusa fechar a porta a uma candidatur­a presidenci­al. E o Washington Postaté aponta sete razões para a ex- primeira dama tentar a sua sorte, da sua popularida­de ( maior do que a do próprio Obama) até ao apoio do marido, Bill Clinton.

Mas uma preocupaçã­o constante nas últimas semanas tem sido a saúde de Hillary. Vítima de uma queda que lhe provocou um coágulo no cérebro e obrigou a uma intervençã­o cirúrgica, a secretária de Estado tem desde então de usar óculos, estando proibida de pôr as lentes de contacto. A explicação foi dada pela própria Hillary, que garantiu, contudo, estar de “excelente” saúde. Uma mensagem para os que não se cansam de sublinhar que, se for eleita em 2016, tomará posse no ano do seu 70. º aniversári­o.

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DIREITOS RESERVADOS Bom humor foi uma constante durante toda a entrevista

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