Diário de Notícias

“Devemos encontrar Deus ao embalar um filho, quando vamos ao pão ou a ver futebol”

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O diretor do gabinete de comunicaçã­o do Opus Dei começou por esclarecer que a obra se limita a “dar formação aos seus membros”, sendo uma organizaçã­o perfeitame­nte normal e integrada na Igreja Católica. A explicação rapidament­e se transformo­u em convite e Pedro Gil exortou três vezes a assistênci­a a participar em ações da obra, que é “ao mesmo tempo uma instituiçã­o e uma mensagem”.

Neste sentido, Pedro Gil referiu que “qualquer pessoa, qualquer estilo de vida, qualquer situação pode e deve encontrar Deus na vida de cada dia sem ter de esperar pelos batizados, funerais, casamentos, sem ter apenas de pensar n’Ele quando tem uma aflição na vida ou até mesmo quando tem uma alegria extraordin­ária na vida”. Ou seja: a prelatura pretende ajudar as pessoas a “encontrar Deus quando embalam um filho, quando vão comprar pão ou quando acompanham os resultados do futebol”.

Sobre o facto de os membros numerários estarem limitados a participar em eventos públicos de domínio cultural, Pedro Gil começou por justificar que “o mundo da cultura é um mundo muito importante para os católicos e para o Opus Dei” e que não há nenhum tipo de proibição, apenas “uma questão de gostos”.

Relativame­nte ao papel que o Opus Dei e a própria Igreja têm hoje em dia, Pedro Gil defendeu que “a religião para as sociedades modernas não é um perigo ou um problema a resolver, é um fator grande de construção de coesão e de consensos”.

Este membro da obra, formado em Direito, garantiu ainda que o “Opus Dei tem pessoas de todas as classes sociais”, atri- buindo as culpas da visão elitista que se tem da obra à comunicaçã­o social: “Nos 1500 membros, se houver dez banqueiros, é sobre esses que os jornais falam, não das pessoas comuns.”

Pedro Gil rejeitou também a ideia de que as mulheres ( as numerárias- auxiliares) são subalterni­zadas no Opus Dei, embora a única ocupação deste tipo de membros seja limpar os centros e residência­s do Opus Dei. “Dois terços dos membros são mulheres, que recebem a mesma formação que os homens. Não temos propostas diferentes para homens e mulheres. De todo o leque de profissões que exercem, algumas escolhem exercer as profissões próprias da manutenção do espaço, de higienizaç­ão, de cuidado das pessoas, mas fazem- no de uma forma profission­al, com capacitaçã­o profission­al própria.”

Pedro Gil defendeu ainda a “inspiração divina” com que o fundador do Opus Dei, Josemaría Escrivá de Balaguer, justificou o aparecimen­to da obra em 1928. “Essa referência não é feita por arrogância, nem é um exclusivo na Igreja. Ainda na viagem que o Papa Bento XVI realizou a Portugal, fez uma referência aos pequenos de Fátima.”

No debate, Pedro Gil disse ainda que esta prelatura pessoal ( única da Igreja Católica) é hoje “menos opaca” do que era há três dias, devido à Grande Investigaç­ão do DN, embora destaque que “o vidro ainda está embaciado”. Para que se conheça mais a Igreja e o Opus Dei, Pedro Gil defendeu que os jornalista­s deveriam procurar ter formação católica, de forma a compreende­rem melhor as questões teológicas.

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