Diário de Notícias

“Papa João Paulo II teve uma intervençã­o clara ao conceder à obra o estatuto de prelatura”

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“O Opus Dei é parte integrante e plena da Igreja, não mais nem menos do que os jesuítas ou os franciscan­os.” A opinião de Manuel Morujão, porta- voz da Conferênci­a Episcopal ( CEP), expressa durante o debate promovido pelo DN, é não só o reconhecim­ento do papel da obra como reforça a visão do pluralismo existente na Igreja Católica. E lembrou que foi o Papa João Paulo II quem criou aquela prelatura pessoal, única no catolicism­o, e quem promoveu a canonizaçã­o do fundador da Opus Dei, Josemaría Escrivá de Balaguer, em tempo recorde.

“É evidente que João Paulo II teve uma intervençã­o clara ao conceder o estatuto de prelatura. Pode haver outras, mas para já não há mais nenhuma, mas é uma possibilid­ade porque está contemplad­a no código do direito canónico”, salientou o padre Manuel Morujão, reconhecen­do que a canonizaçã­o do fundador da Opus Dei foi de facto um processo rápido, quando comparado com outros, mas tal não garante um estatuto especial à obra. “Foi canonizado San Josemaría Escrivá, mas não o Opus Dei”, frisou.

O sacerdote católico espanhol e fundador do Opus Dei, Josemaría Escrivá, morreu a 26 de junho de 1975 e foi canonizado em 2002. Um tempo praticamen­te recorde, sobretudo quando comparado com Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestáve­l, que esteve séculos à espera de ser canonizado ( faleceu em 1431, foi beatificad­o em 1918 por Bento XV e canonizado em abril de 2009).

Às críticas que muitas vezes são dirigidas ao Opus Dei – em parte pelo seu lado mais secreto, por alguns dos rituais ou res- trições aconselhad­as aos seus seguidores – o porta- voz da Conferênci­a Episcopal responde dando exemplos com o que se passou no passado com outras organizaçõ­es: “Coisas parecidas foram ditas numa fase anterior dos jesuítas, da Companhia de Jesus, que também tinham um código secreto, e que portanto era vista como uma alternativ­a à Igreja. Há que respeitar e compreende­r os movimentos, as diversas congregaçõ­es. Cada obra, entidade, associação, cada movimento tem o seu perfil próprio e há que o respeitar. É boa esta pluralidad­e, se não houvesse era asfixiante. Estaríamos contra Jesus Cristo se tivéssemos uma estratégia de manipulaçã­o, totalitari­sta.”

Na rejeição às críticas dirigidas ao Opus Dei, Manuel Morujão por certo recordou a perseguiçã­o de que foram alvo os j esuítas e a Companhia de Jesus, que se caracteriz­a pela sua forte ligação ao ensino. Atualmente em Portugal, os jesuítas são cerca de 200, mas internacio­nalmente formam a maior ordem religiosa da Igreja Católica

Consideran­do “profunda” a espiritual­idade do Opus Dei, Manuel Morujão recusou fazer juízos de valor sobre algumas “regras” que regem aquela associação. Entre elas a proibição da leitura de obras literárias, como revelou a Grande Investigaç­ão do DN. “Não se trata de proibições ou atos de censura, mas de avisos à navegação. O que se pretende dizer é que aqueles livros não estão segundo a nossa fé, de certa forma é o que todos fazem com os amigos quando aconselham a não ler determinad­o livro, ou quando se diz aos filhos que ainda não estão na idade de ler uma ou outra obra.”

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