Diário de Notícias

Governo português vai ter de emagrecer negócio do Banif

BANCA Moody’s diz que Governo só injetou 1100 milhões de euros, mas corre mais riscos do que no BCP, onde meteu 3000 milhões

- L. R. R

A ajuda do Estado ao Banif é a maior das operações de apoio pelo contribuin­te quando medida em termos de ativos ponderados pelo risco do banco, indica a Moody’s. Esta medida “reflete o perfil de crédito muito fraco” da instituiçã­o, pelo que o Governo, o seu principal acionista, deverá fazer “uma redução [ downsizing] consideráv­el do negócio” e cortar na expansão geográfica do banco presidido por Jorge Tomé.

Pepa Mori, analista principal da Moody’s, indica que até agora o Estado português deu apoios diretos à recapitali­zação dos bancos no valor de 7050 milhões de euros. Apesar de o Banif ter ajuda mais baixa ( 1100 milhões que se comparam com 3000 milhões ao BCP, 1650 à CGD ou 1300 ao Banco BPI), a questão é que quando se mede este apoio em percentage­m dos ativos ponderados pelo seu nível de risco os 1100 milhões repre- sentam mais do dobro da exposição ao risco do que no caso do BCP, por exemplo. “O montante significat­ivo de ajuda estatal que o Banif recebeu reflete o seu perfil de crédito muito fraco”, diz .

Significa, pois, que esta operação tem muito mais risco para os contribuin­tes do que as restantes. No caso do Banif, o peso da ajuda representa 13,7% dos ativos ponderados, bem acima dos 5,4% do BCP, 5,2% do BPI e 2,4% da CGD. Entretanto, em agosto de 2012, o BPI reembolsou o Estado em 200 milhões de euros. Tinha garantias de 1500 milhões.

Agora a Moody’s avança que o Governo, que se compromete­u junto de Bruxelas com a entrega de um plano de reestrutur­ação para o banco até 31 de março, “deverá contemplar uma avaliação material do modelo de negócio do banco, o que sugere medidas significat­ivas de reestrutur­ação, incluindo uma redução consideráv­el do negócio e um foco geográfico mais reduzido”. O Banif tem operações fora de Portugal em países como África do Sul, Brasil, Canadá, EUA, Colômbia, Venezuela, Cabo Verde e Polónia.

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