Diário de Notícias

Marques da Silva, o discreto delfim de Vicente Moura aposta no coletivo

Candidato quer fazer diferente para transforma­r o Comité Olímpico de Portugal no centro do desporto nacional

- C I P RI ANO LU C AS

Marques da Silva não se assume como sucessor das ideias de Vicente Moura, mas defende que o próximo presidente do Comité Olímpico de Portugal ( COP) “terá de desenvolve­r um trabalho de continuida­de” iniciado pelo seu “amigo” à frente do COP.

A candidatur­a de Marques da Silva à presidênci­a do COP pretende “preservar o que de muito valioso tem sido construído [ com a liderança de Vicente Moura], introduzin­do as ideias e os métodos que decorrem da sua personalid­ade e maneira de agir”.

Secretário- geral do COP, Marques da Silva apresentou ontem o seu programa e o seu mandatário, António Vasconcelo­s Tavares, assim como a lista aos órgãos sociais e a comissão de honra, ambas provisória­s, porque “o processo ainda está em curso e até à apresentaç­ão das candidatur­as, a 10 de fevereiro, ainda podem surgir novos apoios”, justifica.

O dirigente desportivo diz sentir- se “confortáve­l” com os apoios conquistad­os até agora, mas não quer assumir os votos objetivos à sua candidatur­a. “Só no ato eleitoral se confirma os apoios em definitivo”, justificou. O DN sabe que conta com o voto de 12 das 29 federações olímpicas: ténis, tiro com arco, basquetebo­l, andebol, tiro com arma de caça, desportos de inverno, taekwondo, esgrima tiro, equestre, natação e lutas amadoras, aguardando ainda outros apoios, como da federação de boxe e de atletismo.

No salão nobre da Aula Magna da Cidade Universitá­ria, em Lisboa, Marques da Silva contou com a presença dos vice- presidente­s da sua lista aos órgãos sociais: Mário Saldanha ( federação basquetebo­l), Carlos Cardoso ( confederaç­ão), Ulisses Pereira ( federação andebol) e Pedro Mota ( federação de tiro com armas de caça).

Engenheiro eletrotécn­ico e militar ( oficial da Armada) de formação, com presença em Goa em 1961, no momento de invasão pelas tropas indianas, o antigo militar procurou dirigir- se de forma pragmática ao seu universo eleitoral ( federações, membros de honra e associaçõe­s), defendendo uma estratégia, não centrada em si, mas na sua equipa para o COP, baseada na “simplici-

Candidato quer outra organizaçã­o e criar novos cargos no COP

dade”: “Fazer o que tem de ser feito e materializ­ar os objetivos em termos práticos e duradoiros.” Para o dirigente de 76 anos deve ser o movimento desportivo “liderado” pelo COP “a dizer o que o país desportivo deseja para si próprio, respeitand­o e discutindo lealmente os princípios que defende”. Sempre com uma atitude institucio­nal, defendeu que “essa estratégia passa por preparar no seio do COP uma organizaçã­o renovada com a criação de novos cargos, como o de diretor desportivo, profission­al de direção executiva, diretor administra­tivo e financeiro”.

Confrontad­o pelo DN, Marques da Silva não rejeitou uma das conclusões do estudo recentemen­te encomendad­o pela Secretaria de Estado do Desporto e Juventude ( SEDJ) a uma consultado­ria que apontava para o encerramen­to de algumas modalidade­s de alto rendimento e focar os recursos num número pequeno de modalidade­s. O dirigente, contudo, admitiu que esse documento “tem um caris polémico e tem de ser discutido”. “O estudo não aprofunda as razões que se prendem com a formação do desporto. É um estudo muito discutível”, atirou.

Certo está Marques da Silva do futuro do papel central do COP no desporto em Portugal: “Será o centro nevrálgico institucio­nal e incontorná­vel da vida desportiva nacional. Os jovens e as instituiçõ­es públicas esperam isso de nós.”

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VÍTOR RIOS / GLOBAL IMAGENS Marques da Silva elogiou trabalho “notável” de Vicente Moura

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