Diário de Notícias

Há 30 senhorios por dia a subir rendas antigas

Imobiliári­o. Presidente da Associação Lisbonense de Proprietár­ios garante que a adesão dos senhorios à nova lei, que permite atualizar os preços de 300 mil casas, está a ser “total”

- ANA B AP TI S TA

A adesão dos proprietár­ios à nova lei das rendas está a ser “total” e por dia são já cerca de 30 senhorios que decidem avançar para negociaçõe­s com os inquilinos, disse ao DN/ Dinheiro Vivo o presidente da Associação Lisbonense de Proprietár­ios ( ALP), Luís Menezes Leitão. O principal objetivo, garante, é atualizar as cerca de 300 mil rendas anteriores a 1990, ou seja, aquelas que estão congeladas em valores muito baixos, em alguns casos, nos cinco ou dez euros, e que deixavam muitos senhorios em situação deficitári­a.

A maior parte destas rendas irá sofrer um aumento significat­ivo, mas, segundo Menezes Leitão, os aumentos dependem sempre de uma negociação com os inquili- nos. “Uma renda de 20 euros pode passar para 300 euros, mas apenas se o inquilino tiver rendimento­s”, disse, acrescenta­ndo que até agora “as negociaçõe­s até têm estado a correr bem” e que ainda não houve inquilinos a invocar carência financeira.

“Este é o princípio do fim das rendas congeladas em Portugal”, disse ao DN/ Dinheiro Vivo, acrescenta­ndo que, apesar de a lei anterior já permitir aumentos, também obrigava a fazer obras nas casas e que isso representa­va “uma despesa elevada para quem tem poucos rendimento­s”.

O problema, diz o representa­nte dos proprietár­ios, é que os pesados aumentos do IMI e ainda a avaliação das casas podem vir estragar os benefícios da nova lei.

“Um dos problemas do IMI é o zonamento. Há zonas nobres de Lisboa, por exemplo, que pagam uma taxa de IMI demasiado elevada”, especifico­u, lamentando que, até agora, não tenha sido encontrada uma solução para resolver o problema.

Rendas novas a descer

Mas se nas rendas antigas a tendência dos próximos anos é, claramente, de subida, nas novas, aquelas que são já posteriore­s a 1990 e que podem ser atualizada­s, os valores têm vindo a descer nos últimos meses, garante Luís Meneses Leitão ao DN/ Dinheiro Vivo.

“Nas rendas novas está a haver um processo de deflação e os preços já desceram uns 10% desde o início desta crise”, disse o dirigente, acrescenta­ndo que os senhorios estão a ceder cada vez mais e “a baixar o valor das rendas para não perder inquilinos”, principal- mente se se tratar de um cumpridor. “O arrendamen­to está tão difícil que há casos em que os proprietár­ios até dispensam o fiador”, conta.

Menezes Leitão vê mesmo com alguma preocupaçã­o o futuro mercado do arrendamen­to. É que, se por um lado, acredita que os preços possam descer ainda mais devido ao aumento da oferta de casas para arrendar – o número de senhorios tem vindo a crescer e só em 2012 entraram 300 novos associados para a ALP –, por outro lado o presidente da Associação Lisbonense de Proprietár­ios teme que, devido à crise financeira e à quebra nos rendimento das famílias, os proprietár­ios dificilmen­te possam subir as rendas para compensar o agravament­o do IMI imposto pelas Finanças – e volte a não compensar arrendar casas.

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STEVEN GOVERNO / GLOBAL IMAGENS Em Portugal haverá 300 mil rendas antigas e 400 mil posteriore­s a 1990. Os preços das mais recentes já caíram 10% desde o início da crise

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