Ana Gomes acusa Governo de “austericídio”

VIOLÊNCIA Eurodeputada socialista dançou ontem, em Bruxelas, contra a violência doméstica. E aproveitou para criticar o Executivo

No dia em que participou, em Bruxelas, no lançamento de uma iniciativa de combate à violência sobre mulheres e crianças, a eurodeputada socialista Ana Gomes acusou o Governo de praticar “austericídio” sobre os portugueses, com políticas “extremamente violentas”.

Através da dança, Ana Gomes quer “demonstrar intolerância em relação à violência sexual e de outro tipo que se desencadeia contra as mulheres, por todo o mundo”.

No entanto, é a olhar para Portugal que a eurodeputada manifesta preocupação em relação à “violência” que é exercida “pelo próprio Governo”.

“Este contexto de pressão coletiva, em resultado da política de ‘ austericídio’ que o governo e a troika estão a levar à prática, afeta todas as famílias portuguesas. E as mulheres nas famílias são quem mais paga os custos”, afirmou, em Bruxelas, em declarações ao DN. “Todos os dias, quando abrimos os jornais portugueses, vimos casos trágicos de mulheres afetadas pela depressão, pelo suicídio, pela violência e pelo homicídio”, enfatizou. Ana Gomes falava na apresentação da campanha One Billion Rising, que desafia pessoas de todo o mundo a juntaremse à causa através da dança pelo fim da violência contra mulheres.

Marisa Matias aceitou o desafio e, no final do ensaio geral, que juntou no Parlamento Europeu membros oficiais da UE, a eurodeputada considerou que “é preciso encontrar novas formas de linguagem. E, através da dança espera “chamar a atenção” para a violência sobre as mulheres “agravada pelo contexto de crise”.

“Demos muitos passos atrás. Há um retrocesso enorme, não apenas em relação à violência doméstica. O aumento do desemprego, as situações de exploração no mercado de trabalho e de ataques aos direitos das mulheres são situações que aumentam em contexto de crise”, lamentou Marisa Matias.

Lisboa fará parte do “mapa de mais de cem cidades que, por todo o mundo, vão levantar- se, dançar, com homens e mulheres decentes a protestar contra esta indecência e a exigir o fim da impunidade dos criminosos responsáveis por atos de violência, sexual e outra, contra as mulheres, em todo o mundo, em todas as latitudes”, adiantou Ana Gomes. Por sua iniciativa, convidou a organização ComuniDária, que trabalha na zona do Martim Moniz, para se associar à campanha. “Convidámos também o presidente da Câmara de Lisboa para nos apoiar e aparecer e aguardamos que ele nos responda”, avançou Ana Gomes. A campanha One Billion Rising, que pôs Ana Gomes, Marisa Matias e cerca de meia centenas de eurodeputadas e funcionárias da Comissão Europeia a dançar, insere- se no trabalho da ativista norte- americana Eve Ensler, assumidamente feminista, em defesa dos direitos das mulheres. Em todo o mundo, mais 13 mil associações aderiram à campanha. No dia 14 de fevereiro estão previstas iniciativas em 187 países, incluindo Portugal.

No ano passado, a luta contra a violência a mulheres chegou ao PE através da representação da peça Monólogos daVagina, que contou com a Ana Gomes no elenco.

A eurodeputada está preocupada com a situação de crise em Portugal