Seguros pagam 23 milhões de euros pelo temporal
Seguradoras vão cobrir estragos em casas, carros e lojas, mas verba total pode ir até 27 milhões. Mais do que reembolsaram pelo tornado em Lagoa. Agricultores sem cobertura
Os estragos causados pelo mau tempo de há dez dias em habitações, carros e estabelecimentos comerciais ascendem aos 23 milhões de euros. Mas o balanço feito ontem pela Associação Portuguesa de Seguradoras ( APS) poderá chegar aos 27 milhões, pois alguns sinistros ainda estão a ser reportados e em avaliação.
No total, as seguradoras registaram 12 500 sinistros, sendo a região centro a que mais ocorrências contabilizou. Apesar de o temporal se ter sentido um pouco por todo o País, foi no litoral centro que os ventos causaram maior destruição. Houve telhados e janelas arrancados, carros danificados por quedas de árvores e estruturas, bem como impactos graves em indústrias e espaços comerciais. A agitação marítima provocou também danos em mais de duas dezenas de embarcações.
O presidente da APS, Pedro Seixas Vale, assegurou que parte das despesas já estão a ser pagas aos segurados e que, num prazo médio de 30 a 35 dias, todos os afetados serão ressarcidos dos prejuízos. O representante do sector aproveitou ainda a ocasião para sublinhar a importância de fazer seguros que cubram fenómenos meteorológicos extremos como estes. E explicou que, no geral, estas coberturas já se encontram na maioria dos seguros.
Apesar de os prejuízos j á conhecidos superarem os registados noutros fenómenos extremos ocorridos nos últimos tempos – como o tornado de Lagoa em novembro ou os incêndios de Tavira no verão passado –, o real impacto do temporal fica muito aquém destes 23 milhões de euros. Isto porque muitos prejuízos ocorreram no sector agrícola, onde só 10% dos agricultores têm seguro.
Os números ontem apresentados pela APS demonstram isso mesmo: só houve três sinistros reportados na área agrícola e pecuária. Contudo, como explicou o diretor- geral adjunto, Miguel Guimarães, alguns produtores de estufas poderão estar cobertos por outros seguros, nomeadamente do ramo comercial. No que diz respeito às culturas afetadas, as companhias também não terão grandes custos porque, além de a maioria dos agricultores não ter a produção coberta, muitas culturas também ainda não estão na sua época de produção e colheita.
Agricultores têm ajuda do Proder
Para cobrir os prejuízos nas suas explorações, os agricultores ( nomeadamente os que não têm seguro) poderão ser apoiados pelo Programa de Desenvolvimento Rural ( Proder). A ministra Assunção Cristas já prometeu acionar em breve a medida destinada a financiar a reposição da capacidade produtiva, por exemplo com investimentos em infraestruturas ou sistemas de rega. Este apoio comunitário consiste num investimento a fundo perdido de 75%, ao qual os produtores podem concorrer. O Governo prepara também a criação de uma linha de crédito com juros bonificados para os agricultores investirem enquanto não chega o dinheiro do Proder.