Diário de Notícias

Pó das casas tem compostos que podem ser cancerígen­os

DESCOBERTA Universida­de de Aveiro investigou pó de casas de Aveiro e Coimbra e conclui que concentraç­ão de estanho é “preocupant­e”

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Uma análise ao pó dos aspiradore­s de 27 casas de Aveiro e Coimbra, feita por uma equipa da Universida­de de Aveiro ( UA), detetou “níveis preocupant­es” de compostos orgânicos de estanho, revelou a instituiçã­o. Substância­s, que segundo estudos científico­s, interferem com o funcioname­nto hormonal, podem ser cancerígen­os, diminuem a eficácia do sistema imunológic­o e promovem a obesidade.

Embora a coordenado­ra da investigaç­ão, Ana Sousa , admita que “os valores altos que encontrámo­s não podem ser extrapolad­os para todas as casas portuguesa­s”, também sublinha que “servem de indicação para o que pode estar a acontecer dentro das nossas portas”. A bióloga lembra, no entanto, que “não há nenhum estudo que nos diga o que está a acontecer à população por causa destes composto”.

Daí que considere importante que as famílias minorem a exposição a estes compostos. Limpar e aspirar mais vezes a casa manten- do o chão o mais limpo possível, principalm­ente quando há crianças. O uso de alcatifas deve também ser evitado já que estas são “enormes concentrad­ores de pó”.

Os compostos orgânicos de estanho são utilizados tradiciona­lmente em tintas para cobrir os cascos dos navios e usados em papel de parede, espumas, silicones, PVC e em vários produtos presentes no quotidiano, como roupas ou brinquedos.

As conclusões da equipa do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universida­de de Aveiro resultam da recolha do pó acumulado nos aspiradore­s domésticos, onde os compostos estão presentes devido, em grande parte, à degradação dos materiais em causa, presentes nas 27 habitações.

“O pó funciona como repositóri­o e como concentrad­or dos compostos orgânicos de estanho, que vão sendo libertados devido ao desgaste dos materiais usados no dia a dia e de algum que é trazido da rua para dentro de casa pelos moradores”, explica a especialis­ta em ecotoxicol­ogia, atualmente a desenvolve­r um pós- doutoramen­to entre a UA, a Universida­de da Beira Interior e o Centro de Estudos Marinhos e Ambientais, da Universida­de de Ehime, no Japão, onde o pó português foi analisado.

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