Empresa racionava comida nas cantinas
Falta de comida, práticas pouco higiénicas e qualidade suscitam queixas na DREC
A Gertal, empresa que fornece as cantinas de escolas dos concelhos de Porto de Mós, Batalha, Leiria e Marinha Grande, foi alvo de uma queixa na Direção Regional de Educação do Centro ( DREC), em outubro de 2012, por alegada falta de comida, fraca qualidade dos alimentos e práticas pouco higiénicas. A denúncia partiu das várias escolas do agrupamento da Batalha, mas a ausência de resposta levou o deputado Paulo Baptista Santos a questionar o ministro da Educação, Nuno Crato.
A situação foi comprovada pelo próprio deputado do PSD – eleito pelo círculo de Leiria – no local. “Ao saber da queixa que tinha dado entrada na DREC, fiz questão de me deslocar às escolas e pude constatar vários incumprimentos”, conta. “Numa refeição de atum, por exemplo, a comida não chegou, apesar de haver stock suficiente em grandes quantidades”, garantiu ao DN. O deputado viu ainda a “carne dos hambúrgueres ser substituída por soja”, além de práticas “pouco higiénicas relacionadas com os produtos utilizados na lavagem dos utensílios de cozinha”.
Contactada ontem pelo DN, a administração da empresa não quis prestar qualquer esclarecimento sobre o assunto.
Esta não foi a primeira vez que a empresa foi alvo de queixas. “Há um ano registaram- se algumas situações de incumprimento contratual. Entretanto a em- presa comprometeu- se a tomar medidas para evitar incidentes semelhantes”, explicou o deputado, que no passado dia 15, dada a ausência de resposta por parte da DREC, questionou o ministro da Educação. “A resposta do Ministério da Educação e Ciência [ MEC] foi de que vão ser aplicadas coimas.” O MEC garantiu que “as questões suscitadas sobre os produtos alimentares estão relacionadas com a falta de correspondência entre os produ- tos servidos e o que está previsto nas ementas e fichas técnicas e não com a qualidade”.
Queixa sem efeito
A denúncia feita por vários estabelecimentos do Agrupamento de Escolas da Batalha – que abrange os concelhos de Porto de Mós, Marinha Grande, Batalha e Leiria – foi feita em outubro do ano passado na DREC. O requerimento integra reclamações que vão desde “a regular escassez de comida fornecida, a fraca qualidade dos produtos alimentares, as condições de higiene no manuseamento dos alimentos e o número insuficiente de recursos humanos”, disse então à Agência Lusa a diretora da Escola Secundária Francisco Rodrigues, Lobo Cristina Freitas, em Leiria. A responsável adiantou que, apesar de “pedida urgência no tratamento do caso, a única resposta até agora foi o silêncio”.
Foi esse silêncio que levou o deputado do PSD a intervir, já que, no ano passado, “a empresa havia tomado algumas medidas para minimizar os incidentes verificados”. No final do ano letivo 2011/ 12, a empresa voltou a ficar responsável pelo fornecimento das cantinas daquele agrupamento de escolas, por ajuste direto. “Não é o procedimento que eu defendo – sempre que possível, acho que deve ser feito um concurso público internacional, se os preços o justificarem –, mas foi o possível dada a pressão do início do ano e a necessidade de garantir as refeições. Em Portugal não existem muitas empresas com dimensão para este serviço”, afirmou ao DN Paulo Baptista Santos.
Segundo o DN apurou, a empresa em questão – a Gertal, Com- panhia Geral de Restaurantes e Alimentação – responsável pelo fornecimento de diferentes entidades públicas , incluindo o Ministério da Justiça e autarquias de norte a sul do País. – iniciou a sua atividade em 1973 e atualmente trabalha com jardins de infância, escolas, universidades, centros de saúde, hospitais, lares de Terceira Idade ou Forças Armadas.