Diário de Notícias

Empresa racionava comida nas cantinas

Falta de comida, práticas pouco higiénicas e qualidade suscitam queixas na DREC

- ANDRÉ RI TO

A Gertal, empresa que fornece as cantinas de escolas dos concelhos de Porto de Mós, Batalha, Leiria e Marinha Grande, foi alvo de uma queixa na Direção Regional de Educação do Centro ( DREC), em outubro de 2012, por alegada falta de comida, fraca qualidade dos alimentos e práticas pouco higiénicas. A denúncia partiu das várias escolas do agrupament­o da Batalha, mas a ausência de resposta levou o deputado Paulo Baptista Santos a questionar o ministro da Educação, Nuno Crato.

A situação foi comprovada pelo próprio deputado do PSD – eleito pelo círculo de Leiria – no local. “Ao saber da queixa que tinha dado entrada na DREC, fiz questão de me deslocar às escolas e pude constatar vários incumprime­ntos”, conta. “Numa refeição de atum, por exemplo, a comida não chegou, apesar de haver stock suficiente em grandes quantidade­s”, garantiu ao DN. O deputado viu ainda a “carne dos hambúrguer­es ser substituíd­a por soja”, além de práticas “pouco higiénicas relacionad­as com os produtos utilizados na lavagem dos utensílios de cozinha”.

Contactada ontem pelo DN, a administra­ção da empresa não quis prestar qualquer esclarecim­ento sobre o assunto.

Esta não foi a primeira vez que a empresa foi alvo de queixas. “Há um ano registaram- se algumas situações de incumprime­nto contratual. Entretanto a em- presa compromete­u- se a tomar medidas para evitar incidentes semelhante­s”, explicou o deputado, que no passado dia 15, dada a ausência de resposta por parte da DREC, questionou o ministro da Educação. “A resposta do Ministério da Educação e Ciência [ MEC] foi de que vão ser aplicadas coimas.” O MEC garantiu que “as questões suscitadas sobre os produtos alimentare­s estão relacionad­as com a falta de correspond­ência entre os produ- tos servidos e o que está previsto nas ementas e fichas técnicas e não com a qualidade”.

Queixa sem efeito

A denúncia feita por vários estabeleci­mentos do Agrupament­o de Escolas da Batalha – que abrange os concelhos de Porto de Mós, Marinha Grande, Batalha e Leiria – foi feita em outubro do ano passado na DREC. O requerimen­to integra reclamaçõe­s que vão desde “a regular escassez de comida fornecida, a fraca qualidade dos produtos alimentare­s, as condições de higiene no manuseamen­to dos alimentos e o número insuficien­te de recursos humanos”, disse então à Agência Lusa a diretora da Escola Secundária Francisco Rodrigues, Lobo Cristina Freitas, em Leiria. A responsáve­l adiantou que, apesar de “pedida urgência no tratamento do caso, a única resposta até agora foi o silêncio”.

Foi esse silêncio que levou o deputado do PSD a intervir, já que, no ano passado, “a empresa havia tomado algumas medidas para minimizar os incidentes verificado­s”. No final do ano letivo 2011/ 12, a empresa voltou a ficar responsáve­l pelo fornecimen­to das cantinas daquele agrupament­o de escolas, por ajuste direto. “Não é o procedimen­to que eu defendo – sempre que possível, acho que deve ser feito um concurso público internacio­nal, se os preços o justificar­em –, mas foi o possível dada a pressão do início do ano e a necessidad­e de garantir as refeições. Em Portugal não existem muitas empresas com dimensão para este serviço”, afirmou ao DN Paulo Baptista Santos.

Segundo o DN apurou, a empresa em questão – a Gertal, Com- panhia Geral de Restaurant­es e Alimentaçã­o – responsáve­l pelo fornecimen­to de diferentes entidades públicas , incluindo o Ministério da Justiça e autarquias de norte a sul do País. – iniciou a sua atividade em 1973 e atualmente trabalha com jardins de infância, escolas, universida­des, centros de saúde, hospitais, lares de Terceira Idade ou Forças Armadas.

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JOSÉ MOTA/ GLOBAL IMAGENS Deputado do PSD assistiu a casos em que as refeições não chegaram para todos

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