Diário de Notícias

Arrumador leva dez anos de prisão por esfaquear condutor

Um homem que recusou dar uma moeda a um arrumador na Praça da Alegria foi atingido com uma facada num pulmão. Tribunal considerou que não foi legítima defesa

- LU Í S F ONTES com Lusa

“Vais ver que vais dar a moeda”, disse o arrumador de carros ao condutor no verão de 2012, na Praça da Alegria, em Lisboa, antes de o esfaquear num pulmão. O ato foi ontem punido no Campus da Justiça, em Lisboa, com uma pena de dez anos de prisão.

A presidente do coletivo de juízes explicou que a tese de legítima defesa apresentad­a pelo suspeito não convenceu o tribunal, que considerou o motivo do crime “fútil”, acrescenta­ndo que o arguido não mostrou arrependim­ento.

Para o tribunal, ficou provado que, após terem entrado em discussão, Luís Antunes se dirigiu à vítima e a ameaçou. Para o afastar, o condutor empurrou- o e este caiu.

De imediato, e quando o arguido se dirigia à viatura, a vítima agarrou- o pelo ombro. Ato contínuo, Luís Antunes empunhou um canivete que trazia consigo, com 10,5 centímetro­s de lâmina, e espetou- o na zona do tórax, atingindo- o num pulmão.

De acordo com a presidente do coletivo de juízes, o arguido ainda tentou atingir a vítima com mais golpes, o que só não aconteceu porque o próprio “resistiu”.

O coletivo de juízes da 5. ª Vara Criminal de Lisboa, no Campus da Justiça, aplicou a Luís Antunes a pena de nove anos e seis meses pelo crime de homicídio qualificad­o na forma tentada e um ano e meio por detenção de arma proibida.

Em cúmulo jurídico, o tribunal decidiu condenar o arguido à pena única de dez anos de prisão.

Nas alegações finais, o Ministé- rio Público ( MP) tinha pedido a pena de dez anos de prisão, enquanto a advogada do arguido afirmou que o seu cliente agiu em legítima defesa.

O arrumador defendeu- se em tribunal afirmando que ajudou no estacionam­ento, numa altura em que o parque ainda não tinha parquímetr­o, mas depois o condutor dirigiu- lhe “palavras obscenas” e humilhou- o.

Luís Antunes acrescento­u ainda que tinha ido buscar uma faca que se encontrava junto a outro carro e que se dirigiu à viatura da vítima para lhe “furar um pneu”. No entanto, descreveu, o condutor puxou- o para trás e nesse momento atingiu- o, “sem intenção”, com a faca.

De acordo com a presidente do coletivo de juízes, a vítima só sobreviveu devido à rápida assistênci­a prestada pelo Hospital de São José, uma vez que as lesões provocadas pela perfuração do pulmão podiam ter- lhe causado a morte.

Além de ter corrido risco de vida, o condutor ficou 140 dias de convalesce­nça, 90 dos quais sem possibilid­ade de trabalhar.

O arguido foi detido pela PSP e foi colocado em prisão preventiva e vai continuar no mesmo regime, já que a sua advogada admitiu no final do j ulgamento recorrer da sentença.

Luís Antunes tem antecedent­es criminais e desde 1985 tem vindo a cumprir as respetivas penas de prisão.

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PEDRO CORREIA/ GLOBALIMAG­ENS Condutor esteve 140 dias de convalesce­nça por recusar gratificar arrumador

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