Diário de Notícias

Dilma pede fiscalizaç­ão mais dura em discotecas

Marcha de homenagem às 231 vítimas do incêndio na discoteca Kiss juntou 30 mil pessoas em Santa Maria. A Presidente do Brasil quer garantir que a tragédia “jamais se repetirá”

- C ATARI NA RE I S DA F ONSECA

Antes de ter começado a discursar perante cerca de quatro mil presidente­s de câmara, Dilma Rousseff pediu ontem um minuto de silêncio pelas 231 pessoas que perderam a vida no incêndio da discoteca Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Na cerimónia de abertura do Encontro Nacional com Novos Prefeitos, a Presidente brasileira pediu fiscalizaç­ão mais apertada em discotecas e outros espaços de diversão noturna.

“A dor que presenciei é indescrití­vel. Falo dessa dor para lembrar a responsabi­lidade que todos nós do poder executivo temos com a nossa população. Diante dessa tragédia temos o dever de assumir o compromiss­o e assegurar que ela j amais se repetirá”, afirmou Rousseff, que se reuniu em privado com o autarca de Porto Alegre, cidade capital do Rio Grande, José Fortunatti. Rouseffped­iu a Fortunatti que toda a atenção seja centrada nas vítimas e nos seus familiares. No domingo à tarde, quando o reconhecim­ento dos corpos ainda estava a decorrer no ginásio do Centro Desportivo Municipal, Dilma, que não conseguiu conter as lágrimas, visitou os feridos e falou com alguns familiares.

Por sua vez, o presidente da câmara apelou a uma maior prevenção contra acidentes como o da madrugada de domingo. “Depois da tragédia acontecida, não adianta buscarmos culpados. Na verdade, temos de resolver o problema antes”, disse aos jornalista­s.

Na sequência do incêndio, quatro pessoas foram detidas pela polícia: Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, donos da discoteca, Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda que estava a atuar quando o incêndio deflagrou, e Luciano Bonilha, responsáve­l pela montagem do palco e decoração.

O vocalista terá, durante o espetáculo, acendido um foguete de sinalizaçã­o que poderá ter estado na origem do fogo.

Entretanto, os empresário­s Spohr e Hoffmann viram os seus bens congelados pela procurador­ia de Rio Grande do Sul. De acordo com o jornal OGlobo, a medida foi justificad­a com a dimensão dos danos causados pelo incêndio, o número de pessoas atingidas e pelo facto de os dois homens não se terem apresentad­o de imediato perante as autoridade­s.

“Estamos atuando para garantir ações indemnizat­órias no futuro”, explicou o chefe da procurador­ia, Nilton Arnecke Maria, revelando que nos próximos dias deverá dar início a um processo de indemnizaç­ão coletivo das vítimas e familiares.

De acordo com informaçõe­s avançadas pela polícia, a discoteca Kiss não tinha condições para estar a funcionar. Desde uma única porta demasiado estreita ao desrespeit­o pela capacidade má-

Polícia diz que a discoteca não tinha condições para funcionar

xima do espaço, que não tinha saídas de emergência. “Nós temos diversas pistas de que a casa não podia estar funcionand­o. Se a boate estivesse regular, não teria havido quase 240 mortes”, afirmou o delegado regional responsáve­l pela investigaç­ão, Marcelo Arigony, indicando que mais de mil pessoas irão ser ouvidas no processo. “Haverá a responsabi­lização das pessoas ou do órgão que tiver de ser responsabi­lizado”, disse Aragony à porta do Ministério Público.

Depois do acidente que deixou o Brasil de luto, sucedem- se manifestaç­ões de homenagem a todos os que perderam a vida, na sua maioria jovens estudantes universitá­rios da Universida­de Federal de Santa Maria. Na noite de segunda- feira, uma marcha de homenagem às vítimas levou cerca de 30 mil pessoas às ruas da cidade.

A caminhada começou no centro da cidade e dirigiu- se para a porta da discoteca Kiss, onde foram depositada­s flores e mensagens de esperança. Vestidos de branco, familiares e amigos de vítimas empunhavam cartazes com os nomes daqueles que perderam. Muitos exigiam “justiça”, enquanto outros pediam “fé, força e coragem para continuar”.

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 ??  ?? Flores, mensagens e balões foram depositado­s à porta da discoteca Kiss. Uma marcha de homenagem às vítimas juntou 30 mil pessoas em Santa Maria
Flores, mensagens e balões foram depositado­s à porta da discoteca Kiss. Uma marcha de homenagem às vítimas juntou 30 mil pessoas em Santa Maria

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