Diário de Notícias

Casinos contra Estado não pagam mais impostos

Tribunal. No ano passado, pagaram 120 milhões. Agora, os casinos só voltam a pagar impostos se Governo renegociar termos das concessões

- S Í LVI A DE OLI VE I RA

Os principais casinos portuguese­s vão deixar de pagar ao Estado os impostos e as contrapart­idas mínimas fixadas nos contratos de concessão e que, em 2012, totalizara­m 120 milhões de euros. Esta é apenas uma das consequênc­ias das ações interposta­s individual­mente pelos casinos, na quinta- feira, contra o Estado junto do Tribunal Administra­tivo, adiantou ontem Jorge Armindo, presidente da Associação Portuguesa de Casinos. “Os casinos não estão satisfeito­s por recorrer contra o Estado, mas está em causa a sustentabi­lidade das empresas. Há vários anos que tentamos que o Estado reequilibr­e a equação do acordo feito em 2001, mas até agora não foi possível negociar”, considerou o gestor da AmorimTuri­smo, dona dos casinos da Figueira da Foz e de Troia.

Os casinos defendem a revisão dos termos da concessão, com o prolongame­nto dos prazos, bem como a publicação de legislação que entregue em exclusivid­ade às concession­árias dos casinos a gestão do j ogo online de sorte e de azar. Quanto aos valores das contrapart­idas, Jorge Armindo diz que não é requerida qualquer alteração. “Não pedimos a eliminação das contrapart­idas mínimas, mas se for reposto o reequilíbr­io financeiro das concessões, a contrapart­ida mínima deixa de ser aplicada”, explica. É que, segundo os contratos de concessão dos casinos, entre várias obrigações existe a de entrega ao Estado de contrapart­idas mínimas, ou seja, de montantes mínimos sobre as receitas obtidas, independen­temente dos montantes de faturação, o que faz que a taxa de imposto seja tanto maior quanto mais baixas forem as receitas. Este imposto anual é acionado quando as salas de j ogo atingem volumes de receitas inferiores aos mínimos contratual­izados. Em 2012, os casinos pagaram nove milhões de euros. Além desta contrapart­ida mínima, os casinos pagam mensal- mente um imposto que varia entre os 30% e os 50% das receitas brutas. No total, foram 140 milhões de euros em 2011, 120 milhões de euros no ano passado, ou seja, cerca de dez milhões de euros por mês.

São nove os casinos que agora partem para a Justiça contra o Estado para tentar forçar o Governo a renegociar as condições dos contratos de concessão. De fora ficam apenas os estabeleci­mentos de Troia, mais recente, e da Madeira, que tem um regime mais favorável. A primeira consequênc­ia deste processo é o não pagamento dos nove milhões de euros de contrapart­idas mínimas relativas a 2011, que se encontrava previsto para março. A partir de agora, o pagamento mensal de todos os impostos ao Estado estão suspensos, sendo que o mesmo só será retomado, garante Jorge Armindo, se o Governo der garantias de que tomará as medidas necessária­s à recuperaçã­o do equilíbrio económico- financeiro dos casinos. O não pagamento pressupõe, segundo a lei, a prestação, por parte dos casinos, de garantias.

Não se trata de nenhuma exigência gratuita ou capricho dos casinos, já que, esclarece o gestor, com a crise e a explosão do jogo online houve uma alteração substancia­l das circunstân­cias face aos pressupost­os assumidos em 2001, quando foram negociados os contratos de concessão existentes.

 ?? PUB ??
PUB
 ?? ARQUIVO DN ?? Jorge Armindo, presidente da Associação Portuguesa de Casinos
ARQUIVO DN Jorge Armindo, presidente da Associação Portuguesa de Casinos

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal