Ciclistas não são únicos clientes de rede de ‘ doping’
‘ Operação Puerto’ envolve ciclistas, mas também futebolistas, fundistas e tenistas
O médico espanhol Eufemiano Fuentes, um dos principais acusados no escândalo de doping“Operação Puerto”, admitiu ontem em tribunal que trabalhou sobretudo com ciclistas, mas também com atletas de outras modalidades como fundistas, tenistas, pugilistas e futebolistas.
Durante quatro horas, Fuentes respondeu com cortesia, mas também foi mordaz em algumas das respostas do procurador, lançando suspeitas sobre outras modalidades, como o futebol, dando a entender que muitos jogadores de futebol espanhóis seriam seus clientes. Todavia, o médico espanhol defendeu- se da acusação de delito contra a saúde pública, procurando provar o seu alto grau de profissionalismo. Eufemiano Fuentes explicou que fazia análises periódicas aos atletas que se estavam a preparar para determinada competição.
Questionado sobre a identidade dos proprietários das bolsas de sangue apreendidas em dois apartamentos em Madrid, em maio de 2006 pela guarda civil espanhola, o médico de 57 anos respondeu: “Em 2006 [ no momento do desmantelamento da rede] eram maioritariamente ciclistas.”
Este médico é um dos sete acusados de ter organizado uma rede de dopagem, juntamente a sua irmã Yolanda ( médica da equipa de ciclismo da ComunidadValenciana) com três ex- diretores desportivos de equipas de ciclismo Manuel Saiz ( Liberty), Vicente Belda ( Kelme) e José Ignacio Labarta ( Comunidad Valenciana).
Anteriormente, Fuentes já havia dito sobre as práticas ilícitas entre 2002 e 2006: “Trabalhei com atletas de forma individualizada, de todos os tipos. Podiam ser atletas, tenistas, pugilistas ou jogadores de futebol, aos quais garantia a sua assistência médica, dietética, exames médicos e físicos para garantir que a saúde desses desportistas não de deteriorava.”
Os implicados são acusados de executar um processo de manipulação de sangue, que consistia na preparação de concentrações de eritrócitos com um alto nível de hematócrito – para aumentar o rendimento físico –, que posteriormente eram administrados nos desportistas, por transfusão.
O ciclista norte- americano Tyler Hamilton, que um dia chamou a Fuentes o “Wal- Mart do doping” ( supermercado do doping), deverá testemunhar nesse processo. O antigo campeão olímpico em Atenas 2004 forneceu informações que estiveram na origem da investigação que levou à irradiação do compatriota Lance Armstrong, o vencedor de sete Voltas à França e que entretanto admitiu doping.