Tudo ou nada
António Costa é um político mais do que experiente e saberá o que está a fazer. É certo que os novos Estatutos do PS, os de António José Seguro, que ligam os ciclos eleitorais no partido aos da legislatura na República, exercem pressão. Ou seja, do próximo congresso socialista, que se realizaria sempre este ano para acertar o calendário, sairá o líder da oposição e o candidato a primeiro- ministro, quer as eleições sejam antecipadas ou deslizem até 2015.
Costa preferiu ser cauteloso e, para já, diz que só avança para a recandidatura à Câmara Municipal de Lisboa. Se desse ( ou ainda der) o passo para um confronto com António José Seguro, fragilizava a candidatura à maior e mais simbólica autarquia do País. E sem garantias de ganhar no PS... o que ainda minaria mais a sua capacidade de manter Lisboa na mão dos socialistas.
Perder o município para o social- democrata Fernando Seara, um candidato forte, constitui um peso demasiado grande para Costa, e o PS saberá sempre cobrar os juros de uma eventual derrota. Agora, depois desta agitação no PS que caiu que nem ginjas no Governo, é de esperar que os ânimos serenem. Seguro foi inteligente ao exigir uma clarificação urgente da situação interna. Protegeu a sua liderança e dá ao PS tempo para se reorganizar no combate ao Executivo de Passos Coelho. As vozes dos críticos, nomeadamente dos “socráticos”, por muito descontentes que estejam com o curso do partido, sem uma liderança alternativa acabarão por se aquietar. O primeiro trimestre deste ano é crucial para a vida do País e para a do PS. É tempo de tudo ou nada.