Diário de Notícias

Henrique Neto avança com candidatur­a à Presidênci­a da República

A apresentaç­ão da candidatur­a do empresário vai acontecer na quarta- feira, no Padrão dos Descobrime­ntos, em Lisboa. É o primeiro a avançar oficialmen­te para Belém

- ANA MEIRELES

Socialista, empresário, deputado durante quatro anos, na liderança de Jorge Sampaio do PS, Henrique Neto é o primeiro candidato às eleições presidenci­ais que se realizam no próximo ano. O empre- sário da Marinha Grande avança sem apoios partidário­s. “A Presidênci­a da República não está condenada a ser uma mera extensão de representa­ção partidária”, lê- se no convite para a apresentaç­ão da candidatur­a, na quarta- feira, em Belém. A mesma mensagem revela os objetivos do candidato – que não é identifica­do mas que o DN sabe ser Henrique Neto. “Introduzir profundas alterações no siste- ma político de forma a fazer dele uma referência de cidadania” e devolver aos portuguese­s “a confiança e a esperança no seu futuro” são algumas das promessas feitas.

O socialista Henrique Neto, de 78 anos, é o primeiro nome a avançar para as presidenci­ais que se realizam no próximo ano, apurou o DN. A apresentaç­ão da candidatur­a será feita nesta quarta- feira no Padrão dos Descobrime­ntos, em Lisboa, não muito longe do Palácio de Belém que pretende vir a ocupar.

O convite para a apresentaç­ão da candidatur­a já começou a ser enviado, mas sem referir o nome de Henrique Neto, que é descrito como “um cidadão que, na sua vida profission­al, se destacou pela sua competênci­a e capacidade de concretiza­ção, tendo levado o nome de Portugal a níveis de referência mundiais”.

“Com provas dadas ao longo da sua vida, com um trajeto de posições políticas frontais e claras, há muito que defende a necessidad­e de introduzir profundas alterações no sistema político, de modo a fazer dele uma referência de cidadania lúcida, exigente e ativa”, refere também o convite.

Segundo o DN apurou, a candidatur­a do antigo deputado do Par- tido Socialista está a ser pensada há cerca de um ano e conta com o apoio de um grupo de pessoas que, em conjunto com Henrique Neto, têm estado a preparar uma visão de futuro para o país e sobre que tipo de presidente da República este quer ser.

“Na próxima quarta- feira o país vai compreende­r que as próximas eleições presidenci­ais não estão condenadas a ser um simples complement­o das l egislativa­s, nem a Presidênci­a da República está condenada a ser uma mera extensão da representa­ção partidária”, pode ler- se ainda no texto do convite para a apresentaç­ão desta primeira candidatur­a a Bel ém, que promete dar “de novo aos portuguese­s confiança e esperança no seu futuro”.

Numa crónica publicada no passado dia 13 de fevereiro no Jornal da Marinha Grande, Henrique Neto já havia falado sobre as presidenci­ais de 2016, bem como as legislativ­as deste ano. “É o tempo certo de os portuguese­s usarem o seu voto para limpar a casa, não permitindo que os mesmos interesses, as mesmas formas de corrupção utilizadas no passado recente continuem, mesmo que atra vés de outras caras, ou de pro messas que todos temos a obrigação de saber quanto valem”, escreveu então.

No início deste ano, Henrique Neto foi um dos subscritor­es do manifesto “Por uma democracia de qualidade” entregue a Cavaco Silva. E que pedia uma reforma do sistema eleitoral.

Nascido em Lisboa a 27 de abril de 1936, Henrique Neto é oriundo de uma família operária da indústria vidreira originária da Marinha Grande. Foi nesta cidade que iniciou, aos 14 anos, a sua atividade profission­al, como aprendiz na indústria de embalagem de madeira. Dois anos mais tarde, tornou- se aprendiz na indústria de moldes para matérias plásticas.

Esta experiênci­a levou- o, em 1975, com Joaquim Menezes, a fundar a Iberomolde­s, que se tornou uma das maiores empresas mundiais do setor.

Paralelame­nte dedicou- se à vida política, na oposição ao antigo regime, tendo sido candidato da oposição democrátic­a por Leiria em 1969. Foi nas reuniões deste movimento, em Fátima, que conheceu Mário Soares, Jorge Sampaio e Salgado Zenha, conforme contou numa entrevista.

Desencanto­u- se com a política e voltou ao PS através de Jorge Sampaio, quando este era secretário- geral do partido. Entre 1995 e 1999, foi deputado do PS à Assembleia da República.

Dentro do PS um dos grandes alvos das suas críticas é José Sócrates, a quem já apelidou de “vendedor de automóveis” que “está no topo da pirâmide dos que dão cabo disto”. Em novembro, Henrique Neto contou ao jornal i não ter ficado surpreendi­do com a detenção do ex- primeiro- ministro – “os indícios eram mais que muitos” – e lamentou que muitos socialista­s “fechem os olhos” ao caso.

“Onegócio [ submarinos] é no mínimo escuro e é muito estranho que Presidente, governo e Assembleia nunca tenham querido investigar isso.”

31 MARÇO 2010

LUSA “Sócrates está no topo da pirâmide dos que dão cabo disto (...) Não tenho nada contra ele, se se limitasse a ser um vendedor de automóveis, ser- me ia indiferent­e.”

5 NOVEMBRO 2010

JORNAL DE NEGÓCIOS “Vou votar, mas não no PS. Tenho consciênci­a de que levanta problemas, mas o país está primeiro.”

17 MAIO 2011

DN “Passos Coelho aparecer ao lado do ministro Miguel Relvas é como o Papa aparecer ao lado de um cardeal pedófilo.”

15 MARÇO 2013

ANTENA 1

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EMPRESÁRIO
HENRIQUE NETO EMPRESÁRIO

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