Diário de Notícias

Marine Le Pen festeja melhor resultado de sempre, mas ficou atrás de Sarkozy

Eleições. Extrema- direita francesa deixa de ser a primeira formação política em percentage­m de votos, mas alcança o melhor resultado de sempre, superando os 24,85% das europeias. Socialista­s resistem melhor do que previsto

- A B E L COELHO DE MORAIS

O primeiro partido de França não é a Frente Nacional ( FN), como Marine Le Pen ambicionav­a, é a União para um Movimento Popular ( UMP) de Nicolas Sarkozy que, ainda que em coligação, foi a formação mais votada na primeira volta das eleições departamen­tais realizadas ontem em todo o território francês, à exceção de Paris e Lyon, dotadas de um estatuto político- administra­tivo distinto.

Estas eleições assinalara­m a estreia absoluta das candidatur­as duplas – binómio paritário na designação oficial. Isto é, a obrigatori­edade de se apresentar­em um homem e uma mulher, que passam a ser eleitos em conjunto.

O partido de Sarkozy alcançou no total 29,3% dos votos, enquanto a FN teve 25,7% – que é o seu melhor resultado eleitoral de sempre em termos percentuai­s – e os socialista­s, no governo, conseguira­m 21,3%, resistindo, de algum modo, à tendência evidenciad­a nas sondagens que lhes concediam menor percentage­m eleitoral. Gorou- se, assim, a expectativ­a de Marine Le Pen em manter a FN como o partido mais votado de França, o que conseguira nas europeias de maio de 2014, quando alcançou 24,85%. Então, a UMP obteve 20,8% e os socialista­s 13,98%. FN força triangular­es No próximo domingo decorre a segunda volta das departamen­tais com os binómios paritários que obtiveram 12,5% dos votos ou mais, estimando- se que a UMP consolide os resultados ontem alcançados. Isto não impede que a FN tenha sido o partido a surgir à frente em alguns departamen­tos e alcançado mesmo a vitória na primeira volta em certos cantões, a subdivisão administra­tiva dos departamen­tos. Por outro lado, o partido de Marine Le Pen conseguiu passar a barreira dos 12,5% em inúmeras situações, forçando uma segunda volta com três binómios. Ao final da noite de ontem, estavam já contabiliz­adas 128 segundas voltas desta natureza, muitas incluindo candidatur­as da FN. Em 2011, em eleições de natureza semelhante tinham- se verificado cinco segun- das voltas triangular­es, recordava ontem o Le Monde. Em 2011, o voto na FN não foi além dos 15%.

Para o dirigente da UMP, a “alternativ­a está em marcha” e garantiu que, nos casos em que os binómios do seu partido não tenham passado à segunda volta, não haverá qualquer apoio a candidatur­as da FN. Para Sarkozy, é “compreensí­vel” o voto na formação de Marine Le Pen, mas nunca será a FN a “resolver os problemas da França”. Mas, por outro lado, o líder da UMP também não admitiu qualquer apoio a candidatos socialista­s e, naturalmen­te, de outras formações de esquerda, que estejam no próximo domingo frente a elementos da FN.

A ex- secretária- geral dos socialista­s Martine Aubry criticou de imediato a estratégia de Sarkozy, defendendo que “onde quer que haja um candidato de direita frente à FN, devemos votar no candidato de direita”, isto é, da UMP.

A opção de Sarkozy está a causar alguma divisão entre a UMP e o seu principal parceiro de coligação, os centristas da União dos Democratas e Independen­tes ( UDI), que contestam o “nem PS nem FN”. Aliado da UMP, o também centrista MoDem critica igualmente a estratégia do “nem nem”.

O primeiro- ministro Manuel Valls, de quem Marine Le Pen pediu a demissão ao serem conhecidos os resultados, considerou que estes foram “honrosos” e representa­m, antes do mais, a “travagem” de um avanço da FN que parecia imparável. Mas do lado da formação da extrema- direita, as declaraçõe­s eram de júbilo. Para Marine Le Pen verificou- se um “voto em massa” no partido e este “está enraizado” em toda a França. Para o número dois da organizaçã­o, Florian Philippot, este “foi um resultado histórico, o melhor resultado de sempre na história” da FN. Falta avaliar como se irá transforma­r em número total de mandatos no próximo domingo.

As eleições departamen­tais servem para escolher 2054 conselheir­os nas 101 circunscri­ções administra­tivas deste tipo.

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e deu- lhe a vitória nas eleições departamen­tais. Extrema- direita conseguiu 25%. Socialista­s foram
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Regresso de Sarkozy mobilizou a direita clássica e deu- lhe a vitória nas eleições departamen­tais. Extrema- direita conseguiu 25%. Socialista­s foram apenas terceiros
 ??  ?? Presidente da Frente Nacional tem razões para continuar a sorrir: o seu partido superou resultado das europeias de maio de 2014
Presidente da Frente Nacional tem razões para continuar a sorrir: o seu partido superou resultado das europeias de maio de 2014
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