Sarkozy, Marine, Valls: a eleição em que todos ganham menos Hollande
PRESIDENCIAIS O ex- presidente e líder da UMP reforçou as suas hipóteses de voltar ao Eliseu em 2017. A dirigente da Frente Nacional marcou posição. E o primeiro- ministro socialista impôs- se como alternativa ao presidente dentro do partido
Com a vitória de ontem nas departamentais, a UMP, de Nicolas Sarkozy, respirou de alívio. Afinal todas as sondagens antes do escrutínio davam a maior percentagem de votos à Frente Nacional de Marine Le Pen, que, apesar deste resultado, não deixa de ser uma vencedora da noite. Seja qual for o número de departamentos que a extrema- direita conquiste na segunda volta de domingo, a sua líder voltou a conseguir colocar o partido bem acima da fasquia dos 20%, provando que sob a sua liderança a formação passou de formação com ideais fascistas e antissemitas a alvo preferencial a abater tanto pelo governo como pela oposição.
Do lado socialista, os danos foram menores do que esperado. Muito graças à campanha de Manuel Valls, que se envolveu de corpo e alma para contrariar umas sondagens que davam o PS abaixo de 20%. E os franceses parecem ter ouvido os apelos do homem que confessou ter “medo” de que a França “fracassasse contra a Frente Nacional”. De olho em 2017 Mal foram conhecidas as primeiras projeções, Sarkozy apressou- se a afirmar que “a alternância está em marcha, nada a irá parar”. Um desejo do homem que em 2017 sonha voltar ao Eliseu. E que vê na vitória de ontem da UMP uma prova de que o seu partido confirmou o lugar de principal força da oposição. Mas se alguns membros do partido se apressaram a saudar um resultado que mostra como Sarkozy “conseguiu unir o partido e orquestrar a campanha, outros, como o secretário adjunto da UMP, Gérald Darmanin, apressaram- se a relativizar as coisas. “É preciso relativizar. Este escrutínio só mobilizou 45% dos eleitores, enquanto as presidenciais mobilizam 80%.” Mas que é bom sinal, é.
Tal como o é para Marine Le Pen. A dirigente que as últimas sondagens para as presidenciais dão a ser a mais votada na primeira volta provou que a mudança de imagem que impôs ao partido está a dar frutos. Praticamente sem candidatos a fazer campanha nas ruas e com muitos cartazes ainda nas caixas sem terem sido colados, nestas departamentais a FN soube tirar vantagem da projeção que os media lhe deram e até dos ataques dos adversários que a elegeram como alvo preferencial. Além, claro, de aproveitar o descontentamentos dos franceses. Valls contra Hollande? Apesar de a economia francesa estar a recuperar – espera- se um crescimento de 1% em 2015 depois dos 0,4% de 2014 –, a popularidade de François Hollande teima em não subir. A última sondagem – um barómetro Odoxa- Orange para a France Inter e o L’Express – mostra que 26% dos franceses aprovam a liderança do presidente, uma queda em relação aos estudos efetuados depois da onda de união nacional que se seguiu aos atentados de Paris em janeiro.
Quase ausente desta campanha, Hollande aposta na continuação da descida do desemprego e no crescimento do país, que em 2014 foi ultrapassado pelo Reino Unido, passando para sexta economia mundial, para reconquistar o eleitorado e ter uma hipótese de se manter no Eliseu em 2017. Mas a verdade é que além de Sarkozy e Marine Le Pen, o presidente pode ter ainda de enfrentar um adversário interno: o seu próprio primeiro- ministro, Manuel Valls. Uma ideia que parece agradar aos franceses. Numa sondagem para a rádio RTL em finais de janeiro, Valls era o único que conseguiria derrotar Marine numa segunda volta em 2017.