FN: os dilemas de ser segundo
Afinal a direita francesa sobreviveu e ficou em primeiro lugar nesta primeira volta das eleições departamentais em França. Os socialistas, apesar da punição, ainda estão vivos. No entanto, o resultado mais interessante é o da Frente Nacional ( FN), que obteve o segundo lugar. A FN tem algumas características que a individualizam no panorama político europeu. Já sabemos que proveio de um grupúsculo de extrema- direita. Também sabemos que tem tido um crescimento eleitoral significativo e, mais curioso, que conheceu uma passagem do poder partidário de pai para filha, algo mais raro em democracia. Mas o elemento determinante é que a FN se consolidou no sistema partidário francês e está aparentemente para ficar. Desde a sua erupção política, já há largos anos, que a FN foi sendo vítima, em termos políticos e eleitorais, de um processo de alianças negativas entre partidos para diminuir a sua representação e ainda de estigmatização ideológica. A primeira permitiu durante algum tempo que a FN tivesse uma representação parlamentar muito abaixo do seu número de votos, sendo a sua representatividade apenas testada nas eleições para o Parlamento Europeu. Mas a segunda foi mais eficaz. Quase todos os estudos de opinião foram demonstrando a existência inicial de um “voto escondido” na FN e simultaneamente uma mobilização eleitoral acrescida da UMP e do próprio PS com base na “diabolização” do clã Le Pen. Mais de 20 anos passaram e ela anda por aí, consolidada, mas ainda não é desta que chegou a número um. A direita e um Sarkozy, de regresso à política ativa, barraram- lhe o caminho. Apesar disso, a FN mantém o seu potencial intacto. Ainda não é desta que o sentido ascendente ou descendente da sua presença na vida política francesa poderá ser observado.