Diário de Notícias

Turismo low cost

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om o fim do exclusivo da SATA e da TAP nas ligações aéreas a São Miguel, o número de turistas a marcar férias para os Açores sem recorrer a operadores turísticos tradiciona­is subiu 25% em relação ao ano passado. Não é que os estrangeir­os desprezem as nossas companhias aéreas. Tão- pouco se justifica o entusiasmo por uma descoberta tardia da magnífica ilha. Acontece que, com a entrada da Ryanair e da easyJet na equação, voar para Ponta Delgada vai passar a custar um décimo do que hoje se paga para lá chegar. E os turistas – também portuguese­s – aproveitar­am. As pré- reservas para os voos a partir de Lisboa e Porto esgotaram. Pode fazer- se muitas críticas às low cost, mas um mérito ninguém lhes tira: a capacidade de realmente dinamizar o turismo – só pela Ryanair, esperam- se 350 mil visitantes por ano. Mas não é só pelo turismo que a economia da região é estimulada. A abertura da base desta low cost no aeroporto de Ponta Delgada representa um total de 350 postos de trabalho quando estiver a funcionar em pleno. Desde que chegaram a Lisboa e ao Porto, estas companhias têm contribuíd­o para recordes sucessivos de passageiro­s nos aeroportos. Em Ponta Delgada, representa­m um acréscimo de 40% na oferta de voos e a preços ultracompe­titivos – só possíveis, há que fazer justiça, graças ao apoio subsidiári­o dado pelo Estado à instalação das low cost nos nossos aeroportos. E é neste ponto que é preciso algum cuidado. Há uma fase em que a subsidiaçã­o é importante para garantir que as companhias vêm, se instalam e nos ajudam a promover um destino turístico. E depois há uma fase em que é preciso tirar as mãos, largar os artifícios e deixar funcionar o mercado. Nos Açores ainda estamos longe desse momento. Mas não podemos perdê- lo de vista, sob pena de arruinar as companhias tradiciona­is e, em última instância, acabar por fazer exatamente o inverso do que se pretendia: matar a concorrênc­ia.

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